Por Michele Pacheco
O corpo do ex-deputado federal, Sérgio Naya, chegou ao aeroporto de Leopoldina com 4 horas de atraso.
A demora na saída de Ilhéus deixou parentes, amigos, autoridades e imprensa à espera desde o meio-dia.
O aeroporto estava cheio.
Como o clima entre os familiares e os jornalistas nunca foi cordial, estávamos todos em alerta para o caso de alguma agressão.
Ficamos de um lado da área com sombra e o pessoal ficou do outro.
Um assessor do ex-deputado chegou a ameaçar um jornalista por telefone, o que levou a Polícia Militar a reforçar a segurança no trajeto desde Leopoldina até a capela em Laranjal.
Mas, tudo correu bem. O corpo chegou, foi colocado num carro da funerária, o padre fez algumas orações e o cortejo seguiu para a cidade natal de Sérgio Naya.
Era visível a emoção das pessoas mais próximas.
Pelo caminho, notamos muita gente parada, esperando o corpo passar.
As ruas de Laranjal estavam lotadas. Foi difícil achar lugar para parar o carro perto da capelinha onde o ex-deputado foi velado.
A cidade tem 7 mil habitantes e não curtiu o carnaval hoje.
A prefeitura decretou luto oficial de dois dias e suspendeu as atividades carnavalescas desse sábado.
Mas, alguns moradores não pareceram se importar e fizeram fila na porta da capela.
Sérgio Naya era muito querido na cidade natal e em alguns municípios vizinhos.
Para os conterrâneos, ele vai ser lembrado como um homem caridoso.
Mas, para o resto do Brasil, a imagem que fica é de um político denunciado por corrupção e um engenheiro mais preocupado com dinheiro do que com qualidade do material que usava nas obras.
Ele era dono da Sersan, empresa responsável pela construção do Pálace II.
O prédio desabou no dia 22 de fevereiro de 1998, matando oito pessoas e deixando 120 famílias desabrigadas.
Sérgio Naya foi condenado a indenizar as vítimas em 60 milhões de reais.
Mas, até hoje apenas cerca de 15% desse valor foram pagos. Com a morte do empresário de 66 anos, encontrado morto no quarto de um hotel em Ilhéus/BA, a pergunta que fica é: será que o restante da indenização vai ser pago?
O corpo do ex-deputado federal que cumpriu três mandatos por Minas Gerais foi velado até umas seis e vinte da tarde.
Depois, o cortejo levou o caixão da capela até a igreja para a última bênção.
Só por volta de sete da noite é que enfim os parentes conseguiram enterrar o engenheiro.
Os irmãos estavam muito abalados.
Hoje, o assunto da mídia foi a suspeita de que a causa da morte não seria enfarto, como foi divulgado no início.
Levantou-se a questão do local da morte ter sido adulterado antes da perícia.
Mas, para os familiares e amigos, continua valendo a versão original.
Sérgio Naya já tinha tido um ataque cardíaco antes.