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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

domingo, 12 de julho de 2009

22º Inverno Cultural de São João Del Rei

Por Robson Rocha

Um grande espetáculo. Acho que é a melhor forma para definir a abertura do
22º Inverno Cultural em São João Del Rei.
Essa foi nossa pauta de sábado à tarde.
Com o atraso em Barbacena, chegamos a São João por volta de uma e meia e fomos direto nos credenciar para o evento.
Quando a Michele voltou com o material, eu só pensava em almoçar.
No restaurante, aquela comidinha caseira e o tratamento nota 10, comum em São João. Uma cidade que sabe receber e tratar bem.

Mas, fomos lá para trabalhar. Isso, todo mundo sabia, menos meu corpo.
Que, de barriga cheia, só queria uma sesta.
Porém, os participantes começaram a chegar ao local de concentração, o Largo de São Francisco.
Comecei a gravar algumas imagens enquanto a Michele esperava a chegada do responsável pelo cortejo.

Em pouco tempo dava para entender porque São João Del Rei foi eleita a Capital Brasileira da Cultura.
A riqueza e a variedade de grupos teatrais, folclóricos entre outras atividades culturais são enormes e de qualidade.
Gravamos entrevistas com alguns artistas e o amor que eles demonstram em manter as tradições é incrível.
Havia também, garotinhas fazendo malabarismos, uma galera com perna de pau, banda, violeiros...
Aí, aproveitamos para gravar a chamada da matéria na concentração, mas deu trabalho, porque o vento não deixava o cabelo da Michele quieto.

Abertura gravada, fomos para as entrevistas com os turistas.
Eles estavam impressionados com a riqueza cultural de São João.
Um professor de Brasília disse que não sabia que havia um Bumba Meu Boi tão bom assim em Minas.
Isso, antes do evento começar oficialmente.
O cortejo começou e foi aberto por um grande boneco simbolizando Grande Otelo.
Ele era manipulado por três pessoas e parecia vir caminhando sobre as ruas de São João.

Logo atrás, a banda ditava o ritmo.
Seguida por estandartes com imagens do homenageado.
É difícil enumerar os artistas.
Mas, as novas gerações participam e mantém tradições circenses.
É difícil imaginar como essas garotas se equilibram em pernas de pau em ruas calçadas, sem asfalto. As pedras são lisas e as danadinhas caminham na maior naturalidade.

Logo atrás, um senhor se destacava fantasiado de Grande Otelo, com um paletó vermelho e uma grande gravata borboleta dourada.
Ele vinha dançando com sua nega maluca, uma boneca de pano, do tamanho de uma pessoa.
E que, olhando a distancia, parecia que ele está dançando com uma pessoa de verdade.
O figurante integra o grupo Boi Mofado, de Prados.

A empolgação com que cada uma daquelas pessoas se apresentava, nos contagiou.
Foi impossível não participar.
Apesar de estar registrando as imagens, em muitos momentos a gente se pegava cantando, dançando ou viajando no mundo imaginário criado por esses artistas.

Eles seguiram para o Teatro Municipal.
Mas, eu reclamei com um dos organizadores um detalhe que achei errado.
O cortejo não passou pela parte histórica da cidade.
Eu precisava identificar a cidade, mas a apresentação seguiu por ruas comuns, que poderiam ser em qualquer cidade.
São João sem a parte histórica é como mostrar o Rio sem suas Praias.
Com isso, a Michele teve que refazer seu texto, tirando o casario centenário.

Mas, quando chegaram ao teatro, os artistas encenaram o nascimento de Macunaíma, lembrando a cena mais famosa do filme que imortalizou o homenageado deste ano.
Os turistas tomaram as escadarias, enquanto artistas ocupavam as janelas do prédio e na entrada do teatro fizeram a encenação.
Gravamos entrevistas e mais uma vez os turistas estavam adorando.

Dali, os grupos culturais seguiram em direção a Praça da Estação seguidos por centenas de turistas.
Nós tivemos que abandoná-los, pois tínhamos que gravar uma exposição em homenagem a Grande Otelo, na Casa da Baronesa.
Mesmo local onde mais cedo pegamos as credenciais.

Na exposição, a cenógrafa Márcia Moon apresenta várias passagens do ator.
São caras e bocas que divertiram o publico e cartazes dos inúmeros filmes em que Grande Otelo trabalhou.
Existem fotos da infância e da juventude.
E, é claro, vídeos mostrando vários trabalhos desse grande artista mineiro.

O sempre simpático reitor da UFSJ, Helvécio Luiz Reis, disse que o homenageado foi escolhido por ter sido um dos maiores artistas brasileiros, que era mineiro e foi esquecido.
O que realmente faz sentido. Grande Otelo foi esquecido pelos mais velhos e os mais jovens nem sabem que ele existiu. Fiz o teste com minha filha quando voltamos. Disse quem era o homenageado e ela perguntou quem era esse cara.

Por isso coloquei abaixo uma parte da historia “desse cara”.(wikipédia)

O festival deste ano homenageia Grande Otelo, grande ator brasileiro, pseudônimo de Sebastião Bernardes de Souza Prata. Grande artista de cassinos cariocas e do chamado teatro de revista, participou de diversos filmes brasileiros de sucesso, entre os quais as famosas comédias nos anos 40/50, que estrelou em parceria com o cômico Oscarito, e a versão cinematográfica de Macunaíma, realizada em 1969. Conheceu Orson Welles quando este veio filmar no Brasil, na década de 1940. O grande ator e diretor americano considerava Grande Otelo como o maior ator brasileiro.

Sua vida teve várias tragédias. Seu pai morreu esfaqueado e a mãe era alcoólatra.
Quando já era um ator consagrado, sua mulher se suicidou logo após matar com veneno o filho de seis anos de idade, que era enteado do ator.
Grande Otelo vivia em Uberlândia quando conheceu uma companhia de teatro mambembe e foi embora com eles, com o consentimento da diretora do grupo, Abigail Parecis, que o levou para São Paulo. Ele voltou a fugir, foi para o Juizado de Menores, onde foi adotado pela família do político Antonio de Queiroz. Otelo. Estudou então no Colégio Sagrado Coração de Jesus até a terceira série ginasial.

Participou na década de 1920 da Companhia Negra de Revistas, que tinha Pixinguinha como maestro. Foi em 1932 que entrou para a Companhia Jardel Jércolis, um dos pioneiros do teatro de revista. Foi nessa época que ganhou o apelido de Grande Otelo, como ficou conhecido. No cinema, participou em 1942 do filme It's All True, de Orson Welles. Além de suas inúmeras parcerias com Oscarito, um de seus grandes personagens foi em Macunaíma (1969), filme baseada na obra de Mário de Andrade. Participou também do filme de Werner Herzog, Fitzcarraldo, de 1982, filmado na floresta amazônica.

Desde os anos 60 Otelo era contratado da TV Globo, onde atuou em diversas telenovelas de grande sucesso, como Uma Rosa com Amor, entre várias outras. Também trabalhou no humorístico Escolinha do Professor Raimundo, no início dos anos 90. Seu último trabalho foi uma participação na telenovela Renascer, pouco antes de morrer.
Grande Otelo faleceu em 1993 de um ataquedo coração fulminante, quando viajava para Paris para uma homenagem que receberia no Festival de Nantes.