Cobrimos a Semana Santa em São João del Rei há tantos anos, que já sabemos cada detalhe das celebrações e a duração delas.
Isso, com certeza, nos ajuda na hora do trabalho.Sabendo o que vai ocorrer, e quando, a gente pode aproveitar melhor o tempo e pensar em algo diferente que ainda não tenha feito nesses 14 anos de Alterosa.
Viajamos com o equipamento da TV, mas levamos na bagagem nossa câmera, nosso notebook, placa de captura e uma infinidade de cabos.
A idéia era treinar o envio de materiais por FTP.
A gente sabia que daria trabalho, mas queria tentar.Para não prejudicar o jornal com as nossas estripulias, garantimos duas matérias em média por dia.
Elas eram feitas nas celebrações da noite e no movimento de turistas pela manhã.
Como nosso jornal agora é às 19h, não adiantaria fechar matérias sobre as cerimônias para o dia seguinte apenas com o factual.Elas eram feitas nas celebrações da noite e no movimento de turistas pela manhã.
Ficaria velho.
Por isso, priorizamos o uso de personagens, os vts de comportamento.
Não pedimos pautas à produção, porque já tínhamos uma idéia do que queríamos fazer.
Depois, corremos para a rodoviária e despachamos as fitas Beta para Juiz de Fora, a tempo de serem editadas.
Aí, era o nosso período de aprontar.
Após o almoço, a gente definia o que podia fazer com nosso equipamento durante a tarde.No quarto do hotel, o Robson montou um mini escritório.
Eu digitava os textos e enviava por e-mail para a TV.Bolava os flashes que seriam enviados por FTP e mandava para aprovação da nossa editora, Elisângela Baptista.
Com o retorno dela, a gente calculava o tempo necessário para a gravação e o envio, sem colocar em risco todo o jornal.Como o tamanho influi diretamente no tempo necessário para o envio, optamos por abertura atualizando + off enviado pelo e-mail mais cedo para ser editado com imagens do ano anterior + encerramento sobre o evento da noite.
A abertura e o encerramento eram gravados por volta de seis da tarde.O texto não podia ter mais do que 20 segundos na abertura e 15 segundos no encerramento, para não atrapalhar o esquema definido.
No primeiro dia, eu acabei me alongando ao responder à pergunta que a Elisangêla tinha feito e só a abertura ficou com 35 segundos.Quase fui estrangulada pelo Robson!
Aprendi a lição: tinha que ser curto.
A demora no primeiro dia nos levou a entrar com áudio-tape em vez dos flashes previstos por FTP.
No segundo dia, já estávamos mais escolados.A demora no primeiro dia nos levou a entrar com áudio-tape em vez dos flashes previstos por FTP.
O Robson fazia as imagens com nossa câmera digital, capturava as imagens na ilha improvisada na tampa traseira da Parati, editava e enviava por FTP.
Eu nem me arriscava a abrir a boca quando ele estava concentrado no computador.
Como se não bastasse o processo ser lento, a internet em São João del Rei não colaborou muito.O Robson levou nosso 3G da Claro, que parecia funcionar à manivela.
Meu marido ficava roxo, azul, esverdeado e voltava a um colorido vermelho fúria num piscar de olhos.Acho que ele deve ter rezado um bocado para o material seguir sem problemas.
E vocês acham que eu ainda me arriscaria a dizer alguma coisa? Nem pensar.
Depois do desafio superado, ele se acalmava e até sorria de alívio.
Material enviado, era hora de esperar o jornal entrar no ar.Levamos no nosso Kit correspondente nossa TV para ligar no carro.
Assim, enquanto esperávamos a celebração da noite, aproveitávamos para ver o jornal.A Kelly Scoralick e o Eduardo Dutra quebraram nosso galho e capricharam nas edições, dando ao jornal um ritmo dinâmico, mas com muito charme e beleza.
O Daniel Torres foi nosso anjo da guarda, agilizando o recebimento e a captura do material enviado por FTP.
O Daniel Torres foi nosso anjo da guarda, agilizando o recebimento e a captura do material enviado por FTP.
No último dia, fizemos tudo que foi combinado e o Robson estava até alegrinho.
Acompanhou tranquilo o trabalho do pessoal que ajeitava os últimos detalhes para a celebração mais emocionante da Semana Santa de São João del Rei, o Descendimento da Cruz.Até que um policial parou do nosso lado e perguntou se nós estávamos conseguindo sinal da Vivo. Olhou o computador e perguntou como estávamos conseguindo trabalhar, já que a internet estava lenta o dia todo.
Meus cabelinhos da nuca arrepiaram!
Meus cabelinhos da nuca arrepiaram!
As bochechas do Robson ficaram numa tonalidade entre o beterraba e o vinho tinto.
Achei que ele fosse ter um chilique.
Imagine a cena.
O pobrezinho sentado no alto da escadaria da Igreja das Mercês, com o notebook cozinhando os joelhos dele, sem nem respirar, com medo de perder a boa posição para o envio e... vem essa bomba!
Ele rosnou alguma coisa sobre nem querer pensar na possibilidade de ficar sem sinal de celular. Afinal, se o FTP, que nesse momento viajava lentamente pelos mistérios da rede, falhasse, eu teria que entrar com áudio-tape.Achei que ele fosse ter um chilique.
Imagine a cena.
O pobrezinho sentado no alto da escadaria da Igreja das Mercês, com o notebook cozinhando os joelhos dele, sem nem respirar, com medo de perder a boa posição para o envio e... vem essa bomba!
Dito e feito!
Parece que o policial estava prevendo.
A rede ficou tão lenta que não adiantou insistir.
O jeito era o áudio-tape.
Mas, depois de três tentativas, eu ainda não conseguia ficar na linha com Juiz de Fora.
Eles me ligavam, a gente modulava e a ligação caía.
Depois de muito sufoco, conseguimos entrar sem problemas.
Quem está em casa, nem sempre faz idéia do que passamos nos bastidores.
Parece que o policial estava prevendo.
A rede ficou tão lenta que não adiantou insistir.
O jeito era o áudio-tape.
Mas, depois de três tentativas, eu ainda não conseguia ficar na linha com Juiz de Fora.
Eles me ligavam, a gente modulava e a ligação caía.
Depois de muito sufoco, conseguimos entrar sem problemas.
Quem está em casa, nem sempre faz idéia do que passamos nos bastidores.
Apesar do estresse, valeu a pena arriscar e descobrir que a gente pode fazer uma cobertura diferenciada usando imaginação, boa vontade e trabalho em equipe.