Por Michele Pacheco
Quem passava pelo Parque Halfeld no fim da tarde encontrava um caminhão de som na porta da Câmara Municipal e ouvia discursos dos integrantes do Comitê que pede o impeachment do prefeito Alberto Bejani.
Eles estavam reunidos para entregar um abaixo-assinado à CPI que apura denúncias contra o prefeito.
Enquanto esperavam o fim de uma audiência pública, os membros do Comitê aproveitaram para recolher mais assinaturas.
Claro que a imprensa estava toda à postos.
No início, sobrou tempo para colocar o papo em dia com o Luiz Carlos e o Carlos Mendonça.
O Carlos estava todo bobo com o herdeiro seguindo os caminhos do jornalismo.
O filho dele estuda comunicação social na UFJF e estava cobrindo o evento.
Os olhos do paizão brilhavam de orgulho.
Tomara que a herança de competência e profissionalismo tenha sido passada pelos genes!
No meio do protesto, alguns integrantes do Comitê seguiram ao encontro dos vereadores, levando o abaixo-assinado.
E nós fomos junto.
Achamos que a entrega seria feita no plenário, mas não dava tempo pois uma reunião estava para começar.
Então, o jeito foi fazer a entrega no saguão, à entrada do plenário.
Ficou meio espremido e foi um "Deus nos acuda" para arrumar espaço para todos: vereadores, comitê, imprensa e curiosos.
Vantagem para o Robson, que tem 1m90cm. Quando a situação complicou, ele levantou a câmera, ajeitou na cabeça e registrou o que precisava.
No meio do tumulto, é difícil saber de quem é o braço que está no seu ombro, o pé que está pisando no seu, o cotovelo que se alojou nas suas costelas, e por aí vai... Claro que ninguém fica com raiva de ninguém. A gente sabe que faz parte da disputa natural por um espaço para garantir boas imagens e boas entrevistas.
A Victoria de Fátima Mello, coordenadora do Comitê, disse que as assinaturas foram recolhidas desde que o prefeito foi preso pela Polícia Federal. "Nós nos organizamos e fomos a todo tipo de evento público, desde feiras até eventos religiosos, para dar à população a chance de protestar contra o que está errado e cobrar providências" explicou a Victoria ao pedir que o desejo daquelas 16 mil pessoas, que assinaram o abaixo-assinado, seja respeitado.
O presidente da CPI, vereador Isauro Calais, explicou que iria receber o abaixo-assinado, mas que ele não teria valor legal durante as investigações. "Este é um parlamento que representa o povo e garante que ele seja ouvido. Mas, as investigações da CPI têm que ser feitas em cima de documentos e provas das irregularidades que estão sendo apontadas" disse o presidente da CPI. A Comissão Parlamentar de Investigação teve 45 dias para fazer o trabalho e concluir o relatório. O prazo terminaria na próxima sexta-feira, mas os vereadores pediram prorrogação, que foi concedida por mais 45 dias.
Até agora, seis pessoas foram ouvidas. Entre elas, o Procurador Geral do Município, o advogado que vendeu a Fazenda Liberdade, em Ewbanck da Câmara, para Alberto Bejani, e o produtor rural que vendeu terras vizinhas para o prefeito. A CPI espera ouvir outras pessoas. Vão ser convidados a depor o empresário que teria comprado a fazenda do prefeito por um milhão e 120 mil reais (dinheiro encontrado na casa do prefeito no dia em que ele foi preso), o responsável pela venda ao prefeito da casa no Bairro Aeroporto e um caseiro que seria o dono do caminhão apreendido na propriedade no dia da operação da Polícia Federal. Os vereadores buscam indícios de enriquecimento ilícito.
Os vereadores receberam no início da noite dessa segunda-feira cópias das declarações de Imposto de Renda de Alberto Bejani. O prefeito de Juiz de Fora tem dito em entrevistas que os bens que estão no nome dele foram comprados com economias da vida política e recursos da mulher dele. "Vendemos tudo o que tínhamos no Bairro Recando dos Lagos, juntamos as minhas economias e as da Vanessa e compramos a casa no Bairro Aeroporto. Não tem nada de irregular na compra daquela casa." ele tem afirmado. "Alguns carros estavam no meu nome, sim, outros são de pessoas que prefiro proteger a identidade, pois estiveram na fazenda, beberam um pouco a mais e deixaram os veículos lá" explica sobre os veículos apreendidos.