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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O jornalismo, além dos leads e dos releases

Do Portal Imprensa
portalimprensa.uol.com.br
Publicado em: 03/06/2008

Por Wilson da Costa Bueno

Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor da UMESP e da USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa.
Editor de quatro sites temáticos e de quatro revistas digitais de comunicação.

wilson@comtexto.com.br

O jornalismo brasileiro anda cada vez mais burocrático e menos investigativo e, por isso mesmo, repetitivo, monótono, com cara de "pau mandado". As nossas inúmeras imprensas brasileiras (nunca existiu uma só, homogênea, nesse "Brasilzão" tão diverso), apesar de sistemas de produção distintos e visões muito díspares de seu papel na sociedade, têm se caracterizado por um atributo comum: a ausência de perspectiva crítica.

Certamente, a realidade (a mão visível do mercado) contribui para moldar o atual perfil dos nossos veículos jornalísticos que, nos últimos anos, têm se empenhado mais em buscar a sua sustentabilidade do que em garantir a sua independência editorial. Por isso, abundam os "publieditoriais" e "os projetos de mercado" (denominações que visam mascarar formas modernas de "jabaculê") e relações nem sempre éticas entre redações e anunciantes.

O jornalismo brasileiro anda sofrendo da "síndrome da sala de estar", ou seja, vive "cheio de dedos" com empresas, entidades e governos, procurando, a todo custo, não ferir suscetibilidades, como se a imprensa devesse estar sempre "a serviço de". Esta síndrome é percebida nas entrevistas que mais parecem bate-papo cordial entre amigos, nas coletivas onde bebidinhas e brindes desarmam as consciências e atenuam as perguntas, ou nas matérias frias derivadas de pautas adocicadas que chegam aos montões aos e-mails das editorias e dos jornalistas em particular.

Não podemos assistir passivamente ao esvaziamento da verdadeira função da imprensa, gradativamente refém dos leads e dos releases, concebida unicamente como uma atividade técnica, "profissional", desprovida de compromissos efetivos com a coletividade. Na verdade, é assim que o jornalismo é pensado e praticado na maioria dos cursos de formação, onde se privilegiam os aspectos operacionais e se sufocam os esforços de reflexão e de pesquisa.

O jornalismo brasileiro está se acostumando com os ambientes refrigerados, com o discurso neutro, "objetivo" , com o tapinha nas costas das fontes, com a ausência de tensão ou controvérsia, aproximando-se perigosamente da relação subserviente que vigora entre a maioria das assessorias de imprensa e seus clientes ou patrões.

O jornalismo brasileiro anda preguiçoso demais e vive a reboque de relatórios oficiais, das falas das autoridades e dos executivos, sem iniciativa para tentar novos caminhos, descobrir novas fontes, ousar novas abordagens. O jornalismo brasileiro anda com cara de "house-organ" empresarial, completamente insípido, insosso e inodoro.

Neste cenário, o sensacionalismo da mídia (louquinha para encontrar uma tragédia pessoal que a livre de investigar o que é realmente relevante) e seus espasmos de denuncismo (que perpetram episódios como o da Escola Base) apenas confirmam a tese de que o jornalismo brasileiro anda sem norte, sem escrúpulo e sem tesão. Anda cacarejando demais sem botar ovo algum.

É necessário, urgentemente, alterar este panorama, porque a sociedade continua acreditando que a imprensa pode contribuir para ampliar o debate, desmascarando pessoas e organizações que agem por debaixo dos lençóis, combatendo privilégios e monopólios e, sobretudo, estabelecendo parcerias em prol da autêntica cidadania.

O jornalismo deve ser visto, antes de tudo, como militância cívica (não confundir com partidária!). Não pode cristalizar-se como uma atividade que se segue ao recebimento de um diploma e de um número de registro no MTb e que se exerce em 5 ou 7 horas diárias de trabalho. Burocrática e desinteressadamente.

O jornalista tem que assumir definitivamente a responsabilidade que pesa sobre os seus ombros (detém o privilégio do exercício profissional concedido pela legislação brasileira) e precisa exercer a sua função (e missão) com coragem e competência. Se não estiver disposto a "suar a camisa" e colocar os neurônios para funcionar, que vá procurar outra praia.

Na comemoração dos 200 anos da imprensa brasileira, urge exigir que os sucessores de Hipólito da Costa deixem de lado a reverência servil aos novos monarcas (governantes e empresários) e assumam o papel que a sociedade lhes reservou.

A imprensa brasileira precisa definitivamente sair desta letargia, sacudir sua preguiça mental, recuperar sua capacidade de investigação, tirar a bunda da cadeira. Se ela se dispuser a esse esforço, chegará facilmente à conclusão (ufa, até que enfim!) de que existe vida além dos leads e dos releases.

Fonte: Porta Imprensa - portalimprensa.uol.com.br

Ecologia - crianças conscientes

Por Michele Pacheco

Temos feito algumas reportagens sobre projetos que envolvem crianças na preservação ambiental.
Hoje, Dia Mundial do Meio Ambiente, foi inaugurada em Juiz de Fora a Biblioteca Municipal Ambiental, no Parque da Lajinha.
A área de lazer na região sudoeste da cidade é muito frequentada por pessoas em busca de tranqüilidade e contato com a natureza.

No local já existia um centro de educação ambiental.
Agora, ao lado dele vai funcionar a biblioteca com acervo de livros, computadores e área de pesquisa para os visitantes. Tudo de graça.
A inauguração do projeto pioneiro em Juiz de Fora contou com a participação de alunos de escolas municipais. Eles se divertiram no Parque e acompanharam a solenidade ao som da banda da Polícia Militar.

E não é só no Dia do Meio Ambiente que a natureza é lembrada por aqui.
A cada criança que nasce na cidade é plantada uma árvore.
O projeto "Essa árvore tem nome" é uma forma de arborizar o município e marcar os nascimentos.
A esperança é de que, no futuro, cada criança homenageada entenda a importância da ecologia.
Há trabalhos de preservação ambiental por toda Juiz de Fora.

No bairro Esplanada, o campo de futebol do Amabaí foi cercado e passou por uma reforma nos vestiários. O terreno pertence ao exército, mas o campinho é administrado por uma associação de ex-alunos de um colégio do bairro e usado pelos moradores.
O local estava abandonado, cheio de carrapatos e animais.
A comunidade reclamou e conseguiu melhorias.

Para comemorar a volta da área de lazer, crianças e adolescentes se mobilizaram e plantaram mudas conseguidas pela associação.
A idéia é despertar neles a sensação de responsabilidade e o desejo de preservar o local.
Cada um plantou uma muda de árvore nativa da região.
Conversando com as crianças, ficamos surpresos com as declarações. Quase todas querem acompanhar o crescimento das plantas, ir lá cuidar e mostrar para os filhos no futuro a árvore que plantou.
Achamos muito legal a idéia e o retorno conseguido.

Já em São João Nepomuceno, o projeto Agentes Mirins, desenvolvido pela Policlínica da Micro-região, mobiliza alunos de escolas municipais.
Os estudantes são treinados sobre o combate à dengue e o recolhimento de materiais recicláveis nos bairros.

O trabalho está dando certo. Crianças e adolescentes saem pelas ruas com uma carteirinha que os identifica como Agentes Mirins e vão de porta em porta conversando com os moradores e orientando sobre o combate à dengue e a destinação correta para o lixo.
Mais do que ajudar a cidade a prevenir a dengue, os estudantes decidiram participar mais ativamente da preservação ambiental e começaram a recolher material reciclável em casa e na vizinhança. A idéia partiu do Douglas da Costa, aluno do CAIC.

Ele conversou com a direção e foi autorizado a usar as garrafas pet recolhidas para montar uma horta na escola.
O material é usado para cercar os canteiros e fazer sementeiras. Em pouco tempo, a expectativa é de ter alimentos frescos na merenda, produzidos no próprio colégio. " A gente ajuda a escola com a horta e o meio ambiente, tirando dele as garrafas de plástico que prejudicam a natureza" explicou o tímido Douglas, de 15 anos.

As autoridades de todo o mundo costumam apontar a educação como o caminho mais seguro para um futuro promissor.
Se isso for verdade, então há esperanças para o planeta.
Começando cedo, a conscientização deve se tornar um hábito natural dentro de alguns anos.
O meio ambiente agradece!