Por Michele Pacheco
Hoje, a manhã foi quente em Juiz de Fora.
Eu e o Marco Fagundes estávamos a caminho do aeroporto para saber se havia novidades sobre a queda de avião que matou oito pessoas perto do aeroporto da Serrinha, quando o Robson ligou.
Uma fonte dele avisou que tinha um sequestro em andamento no bairro Três Moinhos, zona leste da cidade.
Fomos para o local e encontramos uma equipe da PM perto de um escadão.
Eles confirmaram que uma mulher teve a casa da mãe dela destruída pelo ex-companheiro.
A doméstica de 24 anos conversou com a nossa equipe e, chorando muito, contou que vive apavorada desde que se separou.
Ela já registrou vários boletins de ocorrência pelas agressões que sofreu do motoboy de 29 anos e estava sob a proteção da lei Maria da Penha.
Mas, isso não intimidou o homem.
Segundo a vítima, ele entrou por volta de 4h da manhã, armado com duas facas e ameaçando matar a ex-mulher.
Ela pulou uma janela e fugiu por um barranco.
Ainda segundo o relato da vítima, ele ficou irritado, arrancou o menino de 3 anos do colo da avó com violência e fugiu com o filho.
Pela manhã, os pms foram chamados e entraram em ação.
Uma equipe do GATE foi acionada para ajudar a apurar a suspeita de sequestro.
A mãe seguiu com os policiais à procura do filho.
Na rua do suspeito, no bairro Nossa Senhora Aparecida, também na zona leste, o comboio de viaturas parou para que ela tentasse negociar por telefone com o ex-companheiro, com quem viveu por 12 anos.
Quando tudo parecia acertado e ela conseguiu que o motoboy prometesse conversar na calçada da casa da família dele, aconteceu o imprevisto.
Ela deu um grito ao ver um homem numa moto e reconheceu o sequestrador.
Foi uma correria só.
As viaturas saíram em disparada, perseguindo o suspeito.
Ele deu um cavalo de pau com a moto e mudou a direção, voltando para casa.
Os policiais aceleraram para fechar o cerco antes que ele tivesse acesso de novo ao filho.
Mas, ele foi mais rápido, pulou da moto emprestada por um amigo e correu para dentro de casa.
Por sorte, o menino estava passeando na calçada com o tal amigo do pai e escapou de ser feito refém ou servir como escudo humano, que era a principal preocupação da PM.
O comandante do GATE, sargento Webert Marques, explicou que nesse tipo de situação é preciso agir com cuidado para evitar reações violentas do suspeito ou risco maior para o refém.
A casa foi evacuada, os parentes dele saíram às pressas, com crianças, e os policiais fizeram a invasão.
Depois de quase uma hora de buscas, eles pareciam ter desistido.
Mas, o sargento Webert, velho conhecido nosso, mostrou que anda com o faro em dia e decidiu vistoriar a casa de uma vizinha.
Achei estranho que a mulher parecia muito ansiosa desde cedo, saía para conversar com os policiais, voltava apressada e saía de novo com o mesmo objetivo.
Quando o pessoal do GATE pediu para entrar, ela ainda tentou impedir por um bom tempo, mas não teve jeito.
O resultado foi positivo.
Os policiais revistaram o prédio de três andares e encontraram o motoboy escondido entre os materiais de construção reunidos no terraço, que está em obras.
O suspeito foi preso em flagrante e não reagiu à prisão.
Ele foi levado algemado para a delegacia e não quis falar sobre o sequestro do filho.
O menino foi devolvido à mãe.