Por Michele Pacheco
O susto foi grande!
Simone conta que estava na igreja Pentecostal do bairro Manoel Honório, zona leste de Juiz de Fora quando a bomba caseira foi jogada.
Uma mulher que sofria de problemas cardíacos passou mal e foi levada para o Hospital de Pronto Socorro.
Ela foi medicada e teve alta.
Outras pessoas tiveram arranhões provocados pelos estilhaços.
Mas, nada se comparou ao que a auxiliar de serviços gerais sofreu.
Simone nos recebeu na casa dela, na zona norte de Juiz de Fora. Ela está andando com cuidado e evitando movimentos bruscos.
Afinal, o estilhaço da bomba está dentro do seio esquerdo dela.
Olhando, parece só uma manchinha na mama.
Mas, na verdade é um furinho, aberto por um fragmento da bomba.
Os médicos não sabem se o objeto é metálico, se é uma lasca de ferro ou mesmo da telha.
A auxiliar de serviços gerais nos contou, em entrevista exclusiva ao Jornal da Alterosa, que viu uma mulher com uma criança no colo se levantar e oferecer a cadeira.
Simone sentou e participava do momento do louvor, quando tudo aconteceu.
"Eu fechei os olhos quando o pastor nos convidou a louvar ao Senhor. O som da música era alto e eu ouvi algo parecido com um trovão. Achei estranho e pensei que parecia um tiro. Quando ouvi todo mundo gritando e barulho de cadeiras sendo arrastadas, eu abri os olhos e notei um grande tumulto. À minha volta algumas pessoas olhavam assustadas para mim. Eu sentia uma dor forte no peito, queimando, e vi minha blusa toda molhada de sangue. Pensei por um momento que alguém tinha me dado um tiro. Mas, então lembrei que eu estava numa igreja. Quem faria isso numa igreja?" contou ela.
A Simone foi socorrida por pessoas da igreja e levada ao Hospital de Pronto Socorro. Um raio-x confirmou que ela foi ferida por um estilhaço.
Assustada e com muitas dores, a evangélica ficou dois dias internada, à espera de uma cirurgia.
"Eles me colocaram na maca e me deram Dipirona. Eu expliquei que esse medicamento não funciona comigo. Mesmo assim, não mudaram a medicação. Eu sentia muitas dores e reclamava de fome. Mas, os enfermeiros me diziam que eu só podia ingerir soro, pois poderia ser operada a qualquer momento. Fiquei desse jeito por dois dias, até ter alta. E sem a cirurgia" reclamou.
Segundo os médicos, o fragmento andou na mama da Simone. Para retirar o estilhaço, seria necessário um corte grande, para procurar o objeto. Isso causaria uma cicatriz grande, que poderia ser vista como mutilação pela paciente. A saída que eles encontraram foi dar alta para a Simone. A idéia é que o organismo dela reaja ao corpo estranho que está nele e comece a expelir o fragmento. Quando ele estiver próximo à pele, vai se formar um caroço. Aí, sim, vai ser feita uma cirurgia simples para a retirada.
O problema é a ansiedade que a Simone está sentindo. Ela sente dores e tem medo de que o estilhaço rompa vasos e cause danos internos. A auxiliar de serviços gerais recebeu atestado médico para ficar fora do trabalho por dez dias. O pastor da igreja Pentecostal e o presidente da Associação das Igrejas Evangélicas de Juiz de Fora acompanham o caso. "Os peritos da polícia civil estiveram na igreja e disseram que não foi uma bombinha qualquer. Quem planejou o atentado fez uma bomba com grande efeito de destruição. Quando tiramos o pano que decora o teto e olhamos o telhado, havia pregos e pedaços de metal por todo lado. A explosão foi tão forte que abriu um rombo no telhado e ainda furou a telha galvanizada que fica embaixo." contou o pastor Júlio de Castro.
Quem somos
- Michele Pacheco e Robson Rocha
- JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
- Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...
quarta-feira, 25 de março de 2009
Denúncia da comunidade leva a prisão de traficantes
Por Michele Pacheco
A ocorrência policial que cobrimos hoje é um exemplo muito bom da importância da comunidade no combate à criminalidade.
Chegando à delegacia, pensamos que fosse apenas mais uma prisão de suspeitos de tráfico de drogas.
Mas, a história nos chamou a atenção e decidimos fazer um vt sobre segurança pública e não apenas uma reportagem policial.
Os policiais da 135a Companhia de Polícia Militar receberam uma denúncia por volta de quatro horas da manhã.
A informação passada ao número de emergência 190 era de que havia tráfico de drogas e armas numa casa do bairro Vila Ideal, Zona Sul de Juiz de Fora.
Uma equipe de plantão na madrugada foi enviada ao local, pois o denunciante disse que os moradores da casa estavam se preparando para receber um carregamento grande de drogas.
Os policiais militares contaram que chegaram ao endereço passado, tocaram a campanha e um dos suspeitos abriu a porta.
Ao ver que tinha sido descoberto, ele não reagiu e deixou os pms vasculharem a casa.
Um adolescente de 15 anos foi apreendido.
Dois jovens, um de 25 anos e outro de 29, foram presos em flagrante.
Um deles dormia com um revólver calibre .38 debaixo do travesseiro.
A arma foi recolhida e levada para a delegacia.
Também foi apreendida na casa uma carabina e munição calibre .38.
A espingarda tinha sinais de ser bem usada.
Os policiais disseram que as armas seriam usadas tanto para proteção dos integrantes da quadrilha de tráfico de drogas, como para praticar roubos na área.
Essa é uma preocupação constante para as autoridades policiais em Juiz de Fora.
Mesmo com a Lei de Desarmamento, é grande o número de ocorrências em que os presos estão portando ou guardando armas.
Sempre que possível, a gente conversa com os suspeitos e pergunta onde eles compram ou conseguem os armamentos.
Os relatos são de todo tipo.
Tem revólver comprado na rua, em bares, e locais que não despertam suspeita.
Os mais simples, como os de calibre .32 e .38, costumam ser mais baratos, o que faz com que sejam apreendidos em maior quantidade.
Bem, voltando ao trabalho da polícia na Vila Ideal, os policiais apreenderam também três celulares, seis balanças de precisão, material para embalar droga, 85 reais em dinheiro trocado, relógios de pulso e uma espada, do tipo oriental.
Eles também encontraram na casa uma quantidade de maconha, de pasta base de cocaína e de crack.
Tudo foi encaminhado à 7a Delegacia Regional de Segurança Pública.
Vários equipamentos eletro-eletrônicos no chão nos deixaram curiosos.
Perguntamos aos policiais e eles disseram que aquilo tudo deveria ter sido trocado por droga.
Um dos suspeitos, um balconista de 29 anos, confirmou essa versão.
O depoimento dele nos surpreendeu.
O sujeito falou com a maior calma que era traficante sim, que estava nessa vida há muitos anos e que já tinha tentado sair, mas não deu certo.
Ele disse que saía de casa às seis da manhã para procurar emprego e voltava à noite, sem um centavo no bolso e sem trabalho.
"Enquanto batiam a porta na minha cara e não me davam um emprego, o tráfico estava ali, do meu lado, fácil de entrar e com dinheiro garantido" revelou o rapaz.
Aí, é que a gente lembra de tantos casos de pais desesperados porque os filhos roubaram tudo o que havia dentro de casa para comprar droga.
Quantas famílias sofre, sem saber como afastar as pessoas queridas de um mundo sem volta, onde a morte é companhia constante de traficantes e de usuários.
O balconista nos deu uma aula de sociologia, enquanto se agarrava às grades.
"Eu poderia ter seguido por outro caminho, se tivesse tido uma chance melhor quando era criança e depois, na adolescência. Todo mundo fala que tem que dar apoio, que tem que criar projetos sociais, mas poucos fazem alguma coisa para mudar a vida de quem vive na pobreza" resumiu ele com palavras simples as conclusões de muitos estudiosos.
A ocorrência policial que cobrimos hoje é um exemplo muito bom da importância da comunidade no combate à criminalidade.
Chegando à delegacia, pensamos que fosse apenas mais uma prisão de suspeitos de tráfico de drogas.
Mas, a história nos chamou a atenção e decidimos fazer um vt sobre segurança pública e não apenas uma reportagem policial.
Os policiais da 135a Companhia de Polícia Militar receberam uma denúncia por volta de quatro horas da manhã.
A informação passada ao número de emergência 190 era de que havia tráfico de drogas e armas numa casa do bairro Vila Ideal, Zona Sul de Juiz de Fora.
Uma equipe de plantão na madrugada foi enviada ao local, pois o denunciante disse que os moradores da casa estavam se preparando para receber um carregamento grande de drogas.
Os policiais militares contaram que chegaram ao endereço passado, tocaram a campanha e um dos suspeitos abriu a porta.
Ao ver que tinha sido descoberto, ele não reagiu e deixou os pms vasculharem a casa.
Um adolescente de 15 anos foi apreendido.
Dois jovens, um de 25 anos e outro de 29, foram presos em flagrante.
Um deles dormia com um revólver calibre .38 debaixo do travesseiro.
A arma foi recolhida e levada para a delegacia.
Também foi apreendida na casa uma carabina e munição calibre .38.
A espingarda tinha sinais de ser bem usada.
Os policiais disseram que as armas seriam usadas tanto para proteção dos integrantes da quadrilha de tráfico de drogas, como para praticar roubos na área.
Essa é uma preocupação constante para as autoridades policiais em Juiz de Fora.
Mesmo com a Lei de Desarmamento, é grande o número de ocorrências em que os presos estão portando ou guardando armas.
Sempre que possível, a gente conversa com os suspeitos e pergunta onde eles compram ou conseguem os armamentos.
Os relatos são de todo tipo.
Tem revólver comprado na rua, em bares, e locais que não despertam suspeita.
Os mais simples, como os de calibre .32 e .38, costumam ser mais baratos, o que faz com que sejam apreendidos em maior quantidade.
Bem, voltando ao trabalho da polícia na Vila Ideal, os policiais apreenderam também três celulares, seis balanças de precisão, material para embalar droga, 85 reais em dinheiro trocado, relógios de pulso e uma espada, do tipo oriental.
Eles também encontraram na casa uma quantidade de maconha, de pasta base de cocaína e de crack.
Tudo foi encaminhado à 7a Delegacia Regional de Segurança Pública.
Vários equipamentos eletro-eletrônicos no chão nos deixaram curiosos.
Perguntamos aos policiais e eles disseram que aquilo tudo deveria ter sido trocado por droga.
Um dos suspeitos, um balconista de 29 anos, confirmou essa versão.
O depoimento dele nos surpreendeu.
O sujeito falou com a maior calma que era traficante sim, que estava nessa vida há muitos anos e que já tinha tentado sair, mas não deu certo.
Ele disse que saía de casa às seis da manhã para procurar emprego e voltava à noite, sem um centavo no bolso e sem trabalho.
"Enquanto batiam a porta na minha cara e não me davam um emprego, o tráfico estava ali, do meu lado, fácil de entrar e com dinheiro garantido" revelou o rapaz.
Aí, é que a gente lembra de tantos casos de pais desesperados porque os filhos roubaram tudo o que havia dentro de casa para comprar droga.
Quantas famílias sofre, sem saber como afastar as pessoas queridas de um mundo sem volta, onde a morte é companhia constante de traficantes e de usuários.
O balconista nos deu uma aula de sociologia, enquanto se agarrava às grades.
"Eu poderia ter seguido por outro caminho, se tivesse tido uma chance melhor quando era criança e depois, na adolescência. Todo mundo fala que tem que dar apoio, que tem que criar projetos sociais, mas poucos fazem alguma coisa para mudar a vida de quem vive na pobreza" resumiu ele com palavras simples as conclusões de muitos estudiosos.
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