Por Michele Pacheco
Conhecemos os pais da Sassá, da seleção brasileira de vôlei, durante uma matéria sobre a expectativa deles durante as Olimíadas de Pequim.
Os parentes e amigos são todos muito gentis e empolgados com a boa fase da seleção.
Hoje, voltamos para acompanhar a final com os familiares.
Foram quase duas horas de ansiedade.
A fachada e o interior da casa da família, em Barbacena, foram decorados com bandeiras e bolas em verde e amarelo.
Chegamos e o pessoal ajeitava os últimos detalhes de uma festa com jeitinho brasileiro: churrasco, cerveja e torcida organizada.
Sônia e João Carlos, pais da Sassá, estavam em situações diferentes.
Ele estava tão nervoso que, ao me cumprimentar, tive a sensação de tocar um pedaço de gelo!
Mas, o João garantiu que a mão estava fria, mas o pé é quente.
Já a Sônia, estava com as mãos quentes, o rosto vermelho e todos os sintomas da "febre da empolgação".
O jogo começou. Metade da família alojada no chão, com os olhos vidrados na tela.
A outra metade, de pé, ansiosa demais para sentar.
Todos torceram, gritaram, tocaram corneta, dividiram opiniões...
Uma cena que mostrou a união daquelas pessoas.
Durante os Jogos Olímpicos, os familiares da atacante fizeram de tudo para não perder uma partida sequer. Acordaram de madrugada, foram para a casa da jogadora torcer, depois foram para a escola ou o trabalho e ainda encontraram disposição para fazer festa em cada vitória.
O jogo de hoje mexeu com os nervos de todo mundo.
O primeiro set foi um massacre verde-amarelo.
As brasileiras ganharam com méritos.
No segundo, desatenção total.
Enquanto o Brasil parecia perdido em quadra, com passes se complicando, as americanas acertavam tudo.
Com a estrela de sempre, José Roberto Guimarães e a equipe dele mostraram que não estavam na final para buscar a prata.
O terceiro set foi difícil, mas as brasileiras venceram.
O quarto foi um teste de resistência para os cardíacos.
O Robson estava ligado o tempo todo na reação da família.
Olhos arregalados, mãos ansiosas, pés sem controle, gestos de incentivo... Tudo isso valeu a pena registrar.
Difícil é controlar a vontade de gravar todas as imagens legais.
Afinal, no ar a matéria vai ter de um minuto e meio a dois.
Quanto mais imagens o repórter cinematográfico fizer, pior para a edição que vai ter trabalho dobrado para escolher.
Numa matéria como essa, é muito difícil se prender apenas ao lado profissional.
Aproveitamos os momentos iniciais da partida para fazer entrevistas com alguns parentes e registrar detalhes de ansiedade nos familiares.
Do terceiro set em diante, o Robson guardou munição para os momentos finais do jogo e assistiu a partida.
Eu fui fazendo o texto ao mesmo tempo que acompanhava as jogadas e as reações da família.
Quando faltava apenas descrever o resultado, passei a me concetrar de vez no jogo e me permiti ser torcedora em vez de repórter.
Que sofrimento!
Cada ponto deixava todo mundo suando frio. Faltava pouco...
O Sérgio Melo, tio da Sassá se dividia entre a partida e a churrasqueira.
Assistia um pouquinho, corria para virar a carne, voltava, fazia algum comentário e corria de novo para evitar que o almoço se queimasse.
Já o José Rosa, amigo da família, comandava a torcida cheio de estratégias.
"Quando o Brasil está com a bola, a gente incentiva.
Quando as americanas vão sacar ou passar a bola, a gente faz figa e pensamento positivo para elas errarem. Até agora está funcionando" explicou o animado torcedor.
Fim de jogo, Brasil 3 a 1 nos Estados Unidos.
Enfim, a tão sonhada medalha de ouro olímpica foi conquistada pelo vôlei feminino brasileiro.
Para muitos patriotas, o título inédito foi motivo de alegria.
Mas, para a família da Sassá, foi mais do que isso.
Foi um sonho realizado e a certeza de que valeu a pena apoiar os esforços da mineira de Barbacena no esporte.
Welissa Souza Gonzaga, a Sassá, entrou para a história do esporte nacional.
E toda a família e os amigos mal podem esperar para receber de braços abertos a filha de ouro.
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