Por Michele Pacheco e Robson Rocha
Ontem, os profissionais da imprensa de Juiz de Fora foram surpreendidos por uma notícia muito triste.

Nosso amigo, Antônio Olavo Matos, mais conhecido como Cerezo, morreu depois de uma cirurgia para tentar controlar um aneurisma na aorta.
Ele viajou para Ouro Preto na última quinta-feira, para cobrir a entrega da Medalha da Inconfidência dada ao jornal onde trabalha, a Tribuna de Minas.
Segundo familiares, na sexta-feira ele começou a passar mal e reclamou de dor na barriga e no peito.

A primeira suspeita foi de que ele teria comido algo indigesto.
Mas, no hospital os médicos descobriram que a situação era mais complicada e ele foi internado.
Passou pela cirurgia, mas não resistiu.
Perdemos um grande amigo e a imprensa perdeu um excelente repórter fotográfico.
O Cerezo era uma dessas raras pessoas que agradam a gregos e troianos.

Nunca ouvi ninguém falar mal dele.
Quando havia coberturas em que representantes de várias empresas de comunicação se encontravam, a gente logo perguntava por ele.
Se estava presente, não importava o tema da cobertura, era sempre uma grande festa.
O bom-humor, o jeito simples e descontraído de trabalhar,

as histórias e as piadas sempre na ponta da língua escondiam uma mente ágil e um coração sensível.
Aquele homenzarrão era capaz de chorar e se emocionar com o sofrimento humano.
No velório, a Renata Brum, repórter da Tribuna de Minas, estava comentando sobre a reação do Cerezo quando foram cobrir a tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro.
Ela revelou que ele ficou muito abalado e usou a sensibilidade para fazer o trabalho, sem desrespeitar o desespero daquelas pessoas.
Assim era o Cerezo.

Chegava com o ímpeto de garantir ótimas imagens.
Mas, se alguém pedia um tempo ou que ele aguardasse para tirar as fotos, fazia isso sem reclamar e ia logo procurar um canto para esperar.
Com o cigarro na mão, encostado em algum lugar e com aquele sorriso bem-humorado no rosto!
Essa é a imagem que vou guardar dele.
Há dois anos, quando o Robson desfilou no bloco Domésticas de Luxo,

o Cerezão estava lá prestigiando e distribuindo gozação.
Tirei essa foto dele "dando uma cantada" na Doméstica mais linda do bloco: o meu marido!
Banquei a mulher ciumenta e ele tirou a maior onda dizendo que ia levar aquela "belezura" para casa.
Só de lembrar de algumas histórias, fica fácil entender porque ele era tão querido.
E não era só o estilo alegre dele que encantava.

Cerezo tinha muitas histórias de grandes coberturas para contar.
Em 2003, eu e o Robson fizemos uma reportagem especial sobre o
"Sequestro da Rua das Margaridas", a pedido da Rede.
Ele estava entre os jornalistas que entrevistamos para que lembrassem dos momentos que viveram num dos mais famosos sequestros do Brasil.
Cerezo tirou uma das fotos mais divulgadas do caso.

Ele contou na reportagem, que estava de folga, andando pelo centro da cidade, quando viu a multidão parada em frente ao Parque Halfeld, um carro forte atravessado na avenida Rio Branco e um batalhão de policiais cercando o veículo.
O instinto jornalístico falou mais alto. Ele foi correndo em casa, pegou o equipamento e voltou. Fez uma bela foto do alto de um prédio e outra de perto flagrando o desespero do Coronel Edgar com uma arma apontada pra cabeça.

Como disse um amigo, neste momento o Cerezo deve estar contando piadas em algum lugar bem legal e tornando a eternidade mais divertida para alguém.
Não vamos nos esquecer nunca do quanto foi bom conviver com essa figura tão carismática.
É difícil encontrar palavras para dar conforto à mulher e aos dois filhos que ele deixou.

Mas, não podíamos deixar de fazer uma pequena homenagem e deixar registrado para sempre na internet um pouquinho do trabalho brilhante do Cerezão.
Esse seu sorriso vamos guardar pra sempre.
Valeu, amigo!
Agora, vá descansar e deixe a gente trabalhar mais um pouco.