Por Michele Pacheco e Robson Rocha
Viramos a madrugada cobrindo eleição de Rainha do Carnaval em Juiz de Fora, saímos às cinco da manhã, voltamos às nove, trabalhamos até às quatro da tarde. Saímos da TV dispostos a aproveitar o resto da tarde comprando presentes de Natal e gastamos sola de sapato debaixo de sol quente e nas ruas lotadas. Por volta das sete da noite, tudo o que a gente queria era um banho e cama. Queria!
Recebemos informações de fontes de que um avião tinha caído em Juiz de Fora. Os primeiros dados eram de que se tratava de um avião grande, de passageiros. Voltamos correndo para a TV (nosso plantão de fim de semana) e fomos para a zona norte da cidade. Lá, no escuro, encontramos policiais militares e bombeiros à espera de representantes da Aeronáutica. Um avião monomotor foi visto por testemunhas voando baixo sobre a represa de João Penido, no bairro Novo Triunfo. As testemunhas contaram aos policiais que o avião bateu nos fios da rede elétrica, sumiu por alguns instantes por trás de um morro.
Logo depois, se ouviu uma explosão e foi possível ver a nuvem de fumaça. Os bombeiros foram chamados e tiveram dificuldades para chegar ao local. Além de isolado, dentro de uma área de reserva ambiental, o ponto do acidente foi na base de um morro, quase na margem da represa. Para chegar lá, tivemos que descer o terreno íngreme no escuro, com os policiais alertando que havia muitas cobras e carrapatos.
O avião ficou destruído. Parecia um brinquedo quebrado. A fuselagem desapareceu e restou apenas o esqueleto do avião. As duas pessoas que estavam na aeronave morreram no local, carbonizadas. As informações passadas por alunos do Aeroclube de Juiz de Fora foram de que se tratava de um instrutor de São Paulo, Ricardo Rissardi, e de um aluno de pilotagem africano. Segundo os colegas de alojamento, Gildânio Rocha era de Cabo Verde e estava em Juiz de Fora fazendo o curso para tirar o brevê.
O administrador do Aeroporto da Serrinha, onde funciona o Aeroclube de Juiz de Fora, esteve no local tirando fotos. Como éramos a única equipe de reportagem na área quando ele chegou, ainda conseguimos ficar por perto. Depois, o trecho isolado foi aumentado e ficou mais difícil trabalhar. Numa cobertura desse tipo, a falta de informações complica o nosso trabalho. Ninguém quer falar nada, ninguém sabe de nada. A perícia foi feita pela Aeronáutica, que vai investigar o acidente. Como uma das vítimas era estrangeira, a Polícia Federal foi acionada para tratar da parte diplomática do caso.
Enfim, conseguimos descansar um pouco, mesmo sabendo que teríamos que voltar ao local bem cedo para acompanhar o desenrolar do acidente. Mas, como dormir bem com tantas picadas de carrapatos e formigas! Ficamos cheios de calombos. E ainda dizem que repórteres são estrelas!
OBs: A matéria você vê no Jornal da Alterosa 2ª feira -11:45 da manhã ou no site www.alterosa.com.br/juizdefora
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