Por Robson Rocha
Hoje foi mais um dia daqueles. Depois do que a Michele já contou sobre o incêndio na faculdade de odontologia, fomos mais uma vez para o bairro Santa Teresa, onde 14 casas foram condenadas há duas semanas, depois que um barranco começou a ceder.
Eram 10 e meia, eu acho, quando chegamos lá. Iam desmanchar as casas condenadas que restavam. Mais uma vez vimos de perto o sofrimento daquelas pessoas. O José Roaldo Nunes agachado na calçada parecia não acreditar que a casa do pai seria derrubada. Foram 24 anos morando no mesmo lugar.
Tenho que registrar a imagem, mas não há como não me sensibilizar.
Ele tentava cuidar do pai. Seu Gonçalves não queria acreditar que a casa dele ia ser derrubada. Para ele a casa era muito forte, ia resistir e ele e toda a família voltariam a morar ali e tomar uma cerveja no seu bar “O Cantinho da Amizade”.
Mas, infelizmente isso não vai ser mais possível. Os parentes retiraram seu Gonçalves do local para que não visse sua casa sendo derrubada, depois de anos construindo cada pedacinho dela.
Mesmo assim, antes de ir, ele fez questão de ajudar a arrumar suas coisinhas na carroceria do caminhão. Deu um nó na garganta vê-lo ir embora no caminhão com alguns móveis e achando que ia voltar. O tempo todo, ele tentava tranqüilizar a todos dizendo que estava bem, que era mais forte do que parecia, que já tinha enfrentado muita dificuldade na vida. Mas, quem conheceu o Seu Gonçalves no início dos desbamentos, notou o quanto ele envelheceu e se abateu em duas semanas de espera pela demolição.
Mas, em alguns momentos a gente tenta se distrair.
Com o batalhão da imprensa a postos, sempre surge uma boa história.
E dessa vez não foi diferente. Todo mundo posicionado para pegar qualquer tijolo caindo. O João Schubert, repórter fotografico, tirou essa foto, que ficou maneira! Todas as lentes apontadas, não importa a câmera, vale até a do celular. O que todo jornalista quer é registrar.
Eram 10 e meia, eu acho, quando chegamos lá. Iam desmanchar as casas condenadas que restavam. Mais uma vez vimos de perto o sofrimento daquelas pessoas. O José Roaldo Nunes agachado na calçada parecia não acreditar que a casa do pai seria derrubada. Foram 24 anos morando no mesmo lugar.
Tenho que registrar a imagem, mas não há como não me sensibilizar.
Ele tentava cuidar do pai. Seu Gonçalves não queria acreditar que a casa dele ia ser derrubada. Para ele a casa era muito forte, ia resistir e ele e toda a família voltariam a morar ali e tomar uma cerveja no seu bar “O Cantinho da Amizade”.
Mas, infelizmente isso não vai ser mais possível. Os parentes retiraram seu Gonçalves do local para que não visse sua casa sendo derrubada, depois de anos construindo cada pedacinho dela.
Mesmo assim, antes de ir, ele fez questão de ajudar a arrumar suas coisinhas na carroceria do caminhão. Deu um nó na garganta vê-lo ir embora no caminhão com alguns móveis e achando que ia voltar. O tempo todo, ele tentava tranqüilizar a todos dizendo que estava bem, que era mais forte do que parecia, que já tinha enfrentado muita dificuldade na vida. Mas, quem conheceu o Seu Gonçalves no início dos desbamentos, notou o quanto ele envelheceu e se abateu em duas semanas de espera pela demolição.
Mas, em alguns momentos a gente tenta se distrair.
Com o batalhão da imprensa a postos, sempre surge uma boa história.
E dessa vez não foi diferente. Todo mundo posicionado para pegar qualquer tijolo caindo. O João Schubert, repórter fotografico, tirou essa foto, que ficou maneira! Todas as lentes apontadas, não importa a câmera, vale até a do celular. O que todo jornalista quer é registrar.
Schubert, obrigado pela foto!
Falando em registrar. As equipes da Defesa Civil e dos Bombeiros iam entrar na casa do seu Gonçalves e o Sérgio Rocha, Sub-secretário de Defesa Civil disse: “Mazzei, você vai lá com a gente pra registrar tudo.” O Mazzei arregalou o olho, com uma expressão do tipo: “EU”!?
Não é preciso dizer que ele virou a bola da vez. Todos se despediram dele e tentaram que ele doasse do celular até a calça, pois a casa ia cair e ele não precisaria mais desses bens materiais.
Bem, pelo sim, pelo não tiramos o que poderia ser a ultima foto de Maurício Mazzei.
Mas como diz o ditado: vaso ruim não quebra fácil. Ele saiu ileso.
Mas, enquanto o Mazzei quase se borrava gravando próximo à casa, subi pelo outro lado da moradia e estava fazendo imagens dos bombeiros e do pessoal da Defesa Civil tirando alguns móveis, quando houve um estalo. Logo em seguida um grito: “vamos sair!” Vi a galera pulando a janela e nem pensei duas vezes. Simplesmente nem sei como desci o barranco tão rapidamente.
Só me lembro quando cheguei na calçada do outro lado da rua bufando igual a um burro velho da voz do Machado, fotógrafo da prefeitura, dizendo: “bem feito. Quem mandou ir lá.”
E ainda tive que agüentar a gozação da equipe dos bombeiros, por sinal a mesma que estava na UFJF. O Tenente Coronel Rodney Magalhães, Tenente Kleber de Castro e o cabo Rangel perguntando porque eu não fui com eles. Que eu tinha que ter entrado na casa... Brincadeiras à parte, ele têm coragem. Eu não entraria lá de jeito nenhum, mas eles entraram e conseguiram retirar bastante móveis e eletrodomésticos.
Outro momento que nos emocionou foi o cuidado do Piu, operador da escavadeira, em salvar um ninho de pombos que estava no telhado da casa do Seu Gonçalves. Ele foi com a pá tirando pedacinho por pedacinho da laje em volta, tentando fazer as aves deixarem o local, mas nada delas voarem. Eram filhotes de pombo correio. Foi então que o Sérgio Rocha saiu correndo de onde estava, pegou um capacete, pediu ao Piu para baixar a pá, subiu nela e resgatou os pombos. Para alguns pode parecer um risco desnecessário, mas para quem perdeu tudo o que tinha, cada coisa que é salva da destruição tem um valor inestimável. O filho do Seu Gonçalves chorou ao receber as aves que ele criava com todo carinho.
Uma coisa à parte, é que ninguém quer ganhar dinheiro. Um sol de rachar o coco, um monte de gente trabalhando e não havia ninguém vendendo nem água. E, acredite, o único bar, que fica a uns duzentos metros do local estava fechado! Era tanta poeira que a boca secava e os dentes rangiam. O pessoal da Defesa Civil que quebrou o galho com copos de água, senão todo mundo ia desidratar.
Por fim acabou e fomos todos embora.
Enfim na hora do merecido banho me olhei no espelho percebi que aquelas minhas marquinhas de sol, aquele charme de caminhoneiro, aumentaram.Tadinha da Michele...
Falando em registrar. As equipes da Defesa Civil e dos Bombeiros iam entrar na casa do seu Gonçalves e o Sérgio Rocha, Sub-secretário de Defesa Civil disse: “Mazzei, você vai lá com a gente pra registrar tudo.” O Mazzei arregalou o olho, com uma expressão do tipo: “EU”!?
Não é preciso dizer que ele virou a bola da vez. Todos se despediram dele e tentaram que ele doasse do celular até a calça, pois a casa ia cair e ele não precisaria mais desses bens materiais.
Bem, pelo sim, pelo não tiramos o que poderia ser a ultima foto de Maurício Mazzei.
Mas como diz o ditado: vaso ruim não quebra fácil. Ele saiu ileso.
Mas, enquanto o Mazzei quase se borrava gravando próximo à casa, subi pelo outro lado da moradia e estava fazendo imagens dos bombeiros e do pessoal da Defesa Civil tirando alguns móveis, quando houve um estalo. Logo em seguida um grito: “vamos sair!” Vi a galera pulando a janela e nem pensei duas vezes. Simplesmente nem sei como desci o barranco tão rapidamente.
Só me lembro quando cheguei na calçada do outro lado da rua bufando igual a um burro velho da voz do Machado, fotógrafo da prefeitura, dizendo: “bem feito. Quem mandou ir lá.”
E ainda tive que agüentar a gozação da equipe dos bombeiros, por sinal a mesma que estava na UFJF. O Tenente Coronel Rodney Magalhães, Tenente Kleber de Castro e o cabo Rangel perguntando porque eu não fui com eles. Que eu tinha que ter entrado na casa... Brincadeiras à parte, ele têm coragem. Eu não entraria lá de jeito nenhum, mas eles entraram e conseguiram retirar bastante móveis e eletrodomésticos.
Outro momento que nos emocionou foi o cuidado do Piu, operador da escavadeira, em salvar um ninho de pombos que estava no telhado da casa do Seu Gonçalves. Ele foi com a pá tirando pedacinho por pedacinho da laje em volta, tentando fazer as aves deixarem o local, mas nada delas voarem. Eram filhotes de pombo correio. Foi então que o Sérgio Rocha saiu correndo de onde estava, pegou um capacete, pediu ao Piu para baixar a pá, subiu nela e resgatou os pombos. Para alguns pode parecer um risco desnecessário, mas para quem perdeu tudo o que tinha, cada coisa que é salva da destruição tem um valor inestimável. O filho do Seu Gonçalves chorou ao receber as aves que ele criava com todo carinho.
Uma coisa à parte, é que ninguém quer ganhar dinheiro. Um sol de rachar o coco, um monte de gente trabalhando e não havia ninguém vendendo nem água. E, acredite, o único bar, que fica a uns duzentos metros do local estava fechado! Era tanta poeira que a boca secava e os dentes rangiam. O pessoal da Defesa Civil que quebrou o galho com copos de água, senão todo mundo ia desidratar.
Por fim acabou e fomos todos embora.
Enfim na hora do merecido banho me olhei no espelho percebi que aquelas minhas marquinhas de sol, aquele charme de caminhoneiro, aumentaram.Tadinha da Michele...
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