Por Robson Rocha
Hoje, Juiz de Fora é uma cidade de mais de 600 mil habitantes e que mantém, de certa forma, características de cidadezinhas do interior.
Olhando a cidade do alto, bem do alto, dá pra ver que ela tem muitas áreas verdes, mas lá embaixo, bem no meio da cidade existe um lugar especial, que parece uma ilha no meio do concreto do centro da cidade.
É o Parque Halfeld.
O terreno foi adquirido pela Câmara Municipal em 1854 e era conhecido como Largo Municipal.
O Antigo Jardim Municipal era o local escolhido para instalação das diversões itinerantes que passavam pela cidade, já que Juiz de Fora não possuía nenhuma forma regular de entretenimento. Ele foi até palco de touradas.
Quando essas atrações aqui chegavam o local era capinado e limpo. No período de chuvas virava um lamaçal.
Sua primeira reforma data de 1879 quando foi ajardinado, seguindo modelos de jardins ingleses.
Em 1906, foi totalmente reformado. A obra foi financiada pelo coronel Francisco Mariano Halfeld, passando, em virtude disso, a chamar-se Parque Halfeld.
Dá pra imaginar uma cidade em 1908 com pouco mais de 25 mil habitantes e que essa pequena população desfrutava de um maravilhoso espaço de lazer.
O Parque Halfeld é um cartão postal de Juiz de Fora. O charme do Parque e dos jardins é de dar inveja. E, vendo fotos antigas, dá uma vontade danada de voltar no tempo e passear por ele. Assentar em um dos bancos e observar os bondes passando.
A elegância da década de 1940 se reflete no local de passeio dos juizforanos da época.
Nessa semana, a Michele e eu voltamos lá para gravar uma matéria e a realidade é bem diferente de 60 anos atrás.
Gravamos uma entrevista com uma dentista que mora em frente ao Parque Halfeld há 20 anos. Ela afirmou que a prostituição no local é grande e que à noite o programa costuma ser feito no próprio Parque.
Pedi à Michele que me aguardasse enquanto tentava pegar uns flagrantes, óbvio que não seria de pessoas transando.
Logo de cara a gente vê que existem muitos cães perambulando pela praça e foi justamente essa cadelinha muito simpática que me acompanhou durante a toda a gravação.
A Magrelinha era a única que parecia gostar da minha presença, pois as prostitutas saíram, literalmente, correndo quando viram a câmera.
Logo de cara, encontrei um grupo de andarilhos tomando cachaça e com eles um garoto que não parecia pobre, consumindo muito álcool. Quando viram a câmera as ameaças começaram. Alguns correram e se esconderam próximo ao banheiro, isso me adjetivando com os melhores palavrões que se lembravam. Enquanto isso o restante do grupo provocava: “qué filma, ô moço? Intão veim cá prô ce vê”.
Na parte que fica para o rua Santo Antônio, o jogo rola solto, muitas vezes valendo dinheiro e aí vagabundos se misturam aos idosos.
Ali mais uma vez fui ameaçado, o cara disse que se eu ficasse ali ele ia me dar uma porrada.
Fingi que não ouvi e continuei fazendo meu trabalho, ele ameaçou levantar eu coloquei a câmera no chão e fui para o lado dele com uma cara não muito boa.
Ele assentou de novo e ficou só me olhando com cara feia, peguei a câmera e voltei a fazer minhas imagens.
Voltei para o meio do Parque e a Magrelinha parou para tomar água, água que por sinal está imunda. As pessoas não têm o mínimo de educação, jogam lixo pra todo lado.
Também são vários os andarilhos que dormem pela praça, em geral, totalmente bêbados.
Isso tudo misturado às crianças que vão lá para brincar e correr atrás dos inúmeros pombos que reviram o lixo deixado por parte dos freqüentadores do lugar.
Enquanto gravava os pombos, um mendigo “trêbado” me fazia mais elogios. Coisas do tipo: “ Seu filho... vai filmar em outro lugar”, “deixa a gente aqui em paz e vai tomar conta da sua mãe, aquela p... que está dando pra todo mundo”. Nessa hora, sendo bem honesto, o sangue sobe e a vontade é de partir pra porrada, mas aí a Michele apareceu e me chamou para gravar a passagem, que tivemos que gravar fora da praça devido ao “bg” que nosso “amigo” produzia com seus gritos.
Depois de gravar, deixei a Michele no carro e voltei para tirar algumas fotos, mesmo que mais distantes. Quando retornei ao carro, me deparei com o maior problema de gravar no Parque Halfeld, “os malas”.
A Michele parece que tem um imã para atrair “malas”. Eu entrei no carro, liguei o motor e o cara não saía da janela. A Michele dizia que a gente tinha que ir e quando eu começava a andar com o carro ele quase debruçava na janela.
Custamos, mas saímos.
E agora esperamos que com o novo projeto de segurança 24 horas no Parque Halfeld, ele deixe de ser um submundo de Juiz de Fora e volte a ser local de diversão e cultura.
Uma vez que o Parque Halfeld, desde a sua criação, é um dos mais importantes símbolos de Juiz de Fora.
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