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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Cassação à vista na Câmara Municipal de Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Foi entregue hoje o relatório da Comissão Especial de Ética da Câmara Municipal de Juiz de Fora. Os cinco integrantes tinham 45 dias para investigar as denúncias de corrupção contra o ex-presidente do Legislativo municipal, Vicente de Paula Oliveira, o Vicentão.
O prazo poderia ser prorrogado por mais 30 dias.
Mas, a comissão intensificou as tomadas de depoimentos e fechou o relatório em apenas 20 dias.

Durante a primeira reunião ordinária do segundo semestre, o relatório foi apresentado e aprovado por unanimidade.
Com isso, está criada a Comissão Processante, que vai instaurar o processo de cassação do Vicentão.
Em sorteio foram escolhidos os três integrantes da Comissão: Cidão, Oliveira Tresse e Pastor Carlos. Eles têm um prazo de no mínimo 5 dias e no máximo 90 para concluir o trabalho.

O Pastor Carlos falou sobre as expectativas para o trabalho: "Os integrantes da Comissão de Ética fizeram um trabalho sério e rigoroso. Nós vamos seguir o relatório e fazer o melhor possível".
A situação é constrangedora para todos.
Ninguém gostaria de investigar um colega de trabalho.
Ainda mais no caso dos políticos.
Mas, os vereadores de Juiz de Fora estão entre a cruz e a espada.
Se eles não pedirem a cassação do Vicente de Paula Oliveira, a Câmara Municipal perde a credibilidade perante a sociedade e os eleitores.

Afinal, os depoimentos foram claros e mostraram a ligação do ex-presidente com a Koji, uma construtora que, segundo as testemunhas, tinha ligação direta com o Vicentão e o filho dele.
Um diretor do sindicato dos trabalhadores na construção civil chegou ao cúmulo de contar que o boleto para pagamento da contribuição da Koji era entregue no gabinete do vereador.

Várias pessoas confirmaram que o Vicentão fiscalizava de perto as obras que a Koji fazia para a prefeitura.
A empresa faturou em torno de R$ 3 milhões, vencendo licitações da prefeitura e da Câmara Municipal.
Se isso não é o bastante para indicar pelo menos quebra de decoro parlamentar, tem ainda o uso de funcionários da Câmara no centro de tratamento contra as drogas fundado pelo Vicentão.

Duas assistentes sociais da AMAC, Associação Municipal de Apoio Comunitário foram cedidas para o legislativo.
Mas, em depoimento elas contaram que nunca trabalharam na Câmara, pois foram designadas pelo Vicentão para atuar no centro mantido por ele.
Bom, as provas estão aí. E a situação dos vereadores não é nada confortável.
Vicentão sempre teve papel influente na Câmara.

No início das investigações sobre as denúncias de corrupção, o buxixo nos corredores dos órgãos públicos eram de que muita gente tinha telhado de vidro no legislativo e que ninguém iria se meter com o ex-presidente.
Para ser justa, tenho que destacar que, até agora, os integrantes de todas as comissões formadas neste ano para apurar corrupção do ex-prefeito, Alberto Bejani, e do ex-presidente da Câmara, Vicentão, agiram com transparência e seriedade.

Resta saber que fim vai levar a Comissão Processante.
Se pedem a cassação, os vereadores ficam mal com o colega de plenário, político forte na cidade. Se não pedem, ficam na mira da imprensa e da sociedade.
Porque é óbvio que a próxima legislatura vai ser vigiada dia e noite pela imprensa e pela sociedade civil organizada, que participa ativamente com o Comitê contra a Corrupção.
Um abaixo assinado com 4500 assinaturas foi entregue hoje aos vereadores.

Vicentão foi esperto.
Entrou com pedido de licença não remunerada por 30 dias.
Com isso, ele segue em campanha eleitoral tranqüilamente, podendo ser eleito mesmo com tantas denúncias.
Enquanto estiver de licença, ele não pode ser cassado.

É mole, ou quer mais?!

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