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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

domingo, 7 de setembro de 2008

Desfile de 7 de setembro - Parada cívico-militar em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Eu me divirto nos desfiles de 7 de setembro!Sei que dá para contar nos dedos as pessoas que estão no meio da multidão e pensam no significado da data.Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I proclamou a independência do Brasil às margens do Riacho Ipiranga.
Era a liberdade tão sonhada pelos brasileiros.
O sonho que derramou sangue dos Inconfidentes e dos integrantes de diversos outros movimentos de libertação. Portugal perdia o poder sobre o Brasil, que começava uma nova era.

Tudo bem que, na prática, não foi bem assim.
Nos libertamos do domínio português, mas nos prendemos a outros problemas.
Hoje, 186 anos depois, ainda sonhamos em nos ver livres dos corruptos, dos impostos exagerados, da dificuldade de acesso à saúde, etc...
Apesar de todas as riquezas da nossa nação, infelizmente o patriotismo anda em baixa.
A maioria dos brasileiros só lembra do verde e do amarelo em época de competições esportivas. Mesmo assim, uma multidão lotou hoje as ruas em diversas cidades brasileiras para comemorar o Dia da Independência do Brasil.

Em Juiz de Fora, o desfile cívico-militar foi na Avenida Rio Branco, no centro da cidade.
As três pistas foram fechadas no trecho entre a Avenida Independência e a rua Floriano Peixoto.
Um veículo blindado de reconhecimento Cascavel, do Exército Brasileiro, foi o primeiro a passar pela avenida. Diante do palanque das autoridades, os militares receberam do general a ordem para começar a parada.
Um tanque de guerra no meio de arranha-céus foi uma cena que prendeu a atenção do público.

Carros dos Bombeiros e da Polícia Militar também ficaram diante do palanque, com os oficiais em posição de sentido.
Nossos amigos bombeiros, Rangel e Alcendina, estavam sérios, representando a corporação.
E não pense que é fácil ficar diante dos seus superiores, tendo que manter uma postura compenetrada. Nada de cumprimentos dos amigos, de retribuir os sorrisos de quem está em volta, de responder às provocações dos amigos...

A parada começou com os veteranos da Força Expedicionária Brasileira.
Ver o pessoal da FEB, com os olhos brilhando e a expressão de orgulho por estar ali é uma cena que me comove.
Puxa, nós somos bem mais jovens e reclamamos de tanta coisa!
Esses homens viram de perto o inferno de uma guerra e não perderam a capacidade de amar a Pátria pela qual lutaram.
Longe de rancor e ódio, eles trouxeram dos combates o desejo de ver um Brasil livre e melhor.

Com a bandeira nacional, Rui Fonseca, de 94 anos, era um dos mais animados.
“É um orgulho estar aqui, carregando essa bandeira.
Eu me lembro de todos os meus companheiros de luta na Itália.
As batalhas foram duras e muitos não voltaram para casa.
Sinto falta daquele tempo. Não do sofrimento e da angústia, mas dos amigos.
Agradeço por ter saúde para estar aqui hoje, representando a memória de todos eles” disse emocionado.

O desfile seguiu com apresentação de vários grupamentos militares do exército.
Entre os participantes, estavam os “boinas azuis” que integram as Forças de Paz da ONU.
Muitos dos que desfilaram hoje em Juiz de Fora chegaram há pouco tempo do Haiti. Passos cadenciados, cabeça erguida, os militares mostraram o orgulho de vestir a farda.No momento de instabilidade política no mundo inteiro, quando tanto se fala de invasão da Amazônia e perda da soberania nacional, o impacto de ver o exército nas ruas dá uma sensação de segurança à população. Tomara que ela seja real!

A Polícia Militar participou com representantes de todas as companhias que atuam em Juiz de Fora.
Vimos lá nossos amigos do GATE, da Rotam, do Canil, do Choque, do Meio Ambiente, etc.
Sérios, nenhum deles olhava para o lado. Tudo para evitar a tentação das tradicionais provocações que trocamos no dia-a-dia das ocorrências. Bem que a gente tentava desconcertar alguns. Sem efeito. Que maldade!

Os Bombeiros Militares marcaram presença.
Eles desfilaram com os trajes usados nos mais diversos tipos de ocorrências.
Comentei com alguns que num dia de sol quente como hoje, felizes foram as equipes de salvamento em água.
Com shorts e camisetas, elas nem se importaram com o calor do fim do inverno!
Alguns bombeiros desfilaram em jetski e outros em botes infláveis.

Em compensação, os “sortudos” que participaram com trajes de combate a incêndio devem ter perdido uns bons quilos!
Aquela roupa quente e pesada é essencial para o trabalho em meio às chamas.
Mas, num domingo de sol escaldante, a marcha pelo centro da cidade não deve ter sido nada agradável!
E todos estavam lá, com disposição de sobra para presentear o público com um bonito espetáculo.

O desfile motorizado é um momento que sempre chama atenção. O exército mostrou veículos usados em guerras e armas que muita gente só vê na televisão. Os policiais rodoviários federais e militares desfilaram a frota usada no dia-a-dia nas estradas e nas ruas. Os bombeiros mostraram caminhões-tanque, ambulâncias e carros de salvamento. Até os carros de agentes penitenciários e de agentes de trânsito passaram pelo centro de Juiz de Fora.

O difícil foi registrar tudo isso.
Além dos profissionais da imprensa, havia um batalhão de fotógrafos amadores, assessores das corporações participantes, estudantes de comunicação...
Bastava aparecer o início de um desfile, para que todos disputassem espaço no meio da avenida para conseguir uma boa imagem.
O Robson tem a vantagem de ser alto e levou numa boa a “invasão” da pista.

Se os repórteres fotográficos e cinematográficos vivem se esbarrando nas matérias com tumulto, imagine o que acontece quando eles se misturam com pessoas que não estão habituadas a ficar atentas aos colegas de imagem?
Mas, no fim tudo dá certo.
O Robson e o Prainha, do Jornal Panorama, ainda encontraram tempo de colocar a conversa em dia com o Machado, fotógrafo da prefeitura.

Entre uma foto e outra, nossa amiga Gleice Lisboa encontrava paciência para ensinar aos alunos dela os melhores ângulos, a forma correta de cobrir eventos desse tipo. Os estudantes são privilegiados! Além de calma e competente, a Gleice é criativa e sabe aproveitar boas imagens. Se eles prestarem atenção ao que estão aprendendo com ela, vão ser ótimos profissionais.

O duro num domingo de trabalho é ver nossos colegas de ocorrências policiais à toa, curtindo o dia especial.
Os irmãos Rodolfo e Rodrigo Rolli sofrem com o assédio da imprensa.
Delegados da Polícia Civil, eles estão sempre investigando algum caso polêmico e têm que lidar com a nossa curiosidade e ansiedade por informações. Quem viu os dois em família, curtindo as esposas e os filhos no dia da Independência, nem imagina o quanto eles se estressam no dia-a-dia policial.

Acabamos de cobrir o desfile e foi a nossa vez de marchar.
A pé! É que a TV Alterosa fica no centro de Juiz de Fora, pertinho do local dos desfiles.
Com a interdição de tantas ruas e parte da avenida, o jeito foi seguir a pé até o Parque Halfeld e voltar do mesmo jeito. O caminho é curto, mas depois de horas sob o sol com a câmera pesada, a expressão do Robson era de quem estava carregando um daqueles tanques de guerra no ombro! E nós, repórteres, ainda reclamamos do peso do microfone!

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