Por Michele Pacheco
Tantas pessoas na fila pelo Brasil inteiro!
Falta de vagas, falta de médicos, falta de vergonha!
A saúde no país precisa com urgência de mais hospitais e postos de atendimento.
Mesmo assim, as autoridades permitem que o dinheiro público seja jogado fora!
Em Ubá, o mato alto cobre o que poderia ser o acesso da população a um dos hospitais particulares mais equipados da Zona da Mata Mineira.
O Hospital Sarah Jacob foi projetado para atendimento materno-infantil, podendo ser ampliado para outros tipos de serviços.
O prédio espaçoso oferecia ambientes claros e confortáveis.
A construção foi feita na década passada.
O ambulatório foi inaugurado em 96 e funcionou por 4 anos, antes de ser fechado.
A obra nem estava toda pronta!
Havia todo um bloco sendo concluído, para aumentar o número de leitos.
Hoje, o cenário é de abandono.
Do lado de dentro, parece que um furacão passou por lá.
Na recepção, móveis e equipamentos estão amontoados por toda parte, enferrujados e amassados.
Com certeza, muitos deles estão fazendo falta nos hospitais da cidade. Quantas vezes recebemos denúncias de pessoas que estão deitadas no chão de alguma unidade de atendimento, esperando uma maca ou leito desocupar?
E lá tem tantos deles sobrando...
Uma caixa com material cirúrgico está aberta sobre uma mesa,
com todo tipo de pinça e tesoura à mostra.
Equipamentos caros que faltam em muitos unidades de saúde e impedem o atendimento adequado aos pacientes.
Tudo isso foi comprado para o Sarah Jacob e abandonado!
As fichas dos pacientes foram esquecidas e estão empoeiradas em caixas de papelão.
Nelas, constam nomes, endereços e informações pessoais de quem era atendido no hospital.
Num canto, dois colchonetes tirados de camas e macas indicam que
os vândalos costumam passar um bom tempo por lá.
Os moradores contam que ouvem com freqüência os bandidos invadindo o prédio e ficam com medo de denunciar.
Os vândalos e os ladrões têm muitos locais por onde entrar.
As janelas tiveram os vidros e as estruturas de alumínio furtados.
Com tantas aberturas, os mal-intencionados entram e separam o que querem levar.
Pelos corredores, portas arrombadas, móveis revirados e
equipamentos destruídos chamam atenção.
As luminárias, as torneiras e as louças foram levadas pelos ladrões. As salas de atendimento foram invadidas e tiveram os equipamentos furtados.
Nos fundos do prédio, existe uma espécie de depósito dos bandidos.
Eles amontoaram num canto as estruturas de metal, os vidros e outras peças que conseguiram retirar.
Parece até uma loja de material de construção!
O local escolhido para deixar os produtos de furto fica no que antes era o atendimento de emergências.
Com as portas e janelas arrancadas, fica fácil retirar o material e levar para os receptadores que compram os objetos de furto.
Os aparelhos que no passado
(ao lado em 1996 e abaixo 2008)
ajudaram a fazer diagnósticos precisos e garantiram um atendimento de qualidade foram deixados à mercê dos bandidos.
O equipamento de Raio-X foi desmontado.
Para furtar as peças de metal, os ladrões colocaram as próprias vidas em risco, sem levar em conta que as máquinas funcionam com material radioativo!
Está tudo lá!
Jogado pelos cantos, em pedaços.
As paredes foram quebradas.
Os buracos enormes aparecem em
todos os corredores.
Eles foram feitos por ladrões de fios.
O material é muito procurado, pois tem cobre dentro.
Eles tiram a fiação e derretem o cobre para vender.
Muitos depósitos de material reciclável comprar o produto, mesmo sabendo que a origem é duvidosa.
As polícias civil e militar tentam impedir esse tipo de crime, mas é difícil.
Para que o hospital volte a funcionar, seria necessário refazer toda
a instalação elétrica.
O abandono do hospital foi denunciado à Comissão Permanente de Obras e Serviços Públicos da Câmara Municipal.
Os integrantes fizeram um levantamento e calculam que o prejuízo com o furto dos fios e da parte elétrica chega a R$ 70 mil.
Os vereadores encontraram várias escadas em locais estratégicos.
Elas são deixadas pelos invasores para facilitar a retirada do material.
Num dos corredores abandonados, a Comissão encontrou caixas de
medicamentos.
Os frascos estavam espalhados pelo chão.
A impressão que dá é de que os bandidos mexeram em tudo e descobriram que os remédios estão vencidos, deixando o produto para trás.
O que revolta é que muitos desses medicamentos fazem falta no SUS e poderiam ter tratado pessoas que não têm condições de comprar.
A Polícia Civil investiga as denúncias de abandono do hospital Sarah Jacob.
Na delegacia de Furtos e Roubos, estão inúmeras denúncias de invasões, arrombamentos e furtos.
A delegada encarregada das investigações explica que é difícil encontrar os responsáveis.
"Quem vê a invasão, tem medo de denunciar. Quando a polícia militar chega, o fato já foi consumado. A investigação esbarra na falta de pistas dos bandidos e de informações da comunidade."
As denúncias feitas à Câmara Municipal também foram encaminhadas ao Ministério Público. Mas, a situação é complicada.
O hospital foi construído pelo ex-deputado estadual Ibraim Jacob.
Ele foi denunciado na época por ter usado verba pública na obra particular.
Nenhuma prova foi apresentada e a discussão se seguiu por quatro anos.
Mas, as autoridades cobraram os documentos necessários ao funcionamento do hospital e a direção não apresentou tudo que foi exigido.
Resultado: portas fechadas.
Se havia irregularidades, claro que as autoridades deveriam agir.
O problema é que simplesmente fecharam o hospital e esqueceram que ele existiu.
A Loja Maçônica Fraternidade Ubaense seria a responsável pelo hospital. Segundo os vereadores, os integrantes alegam não ter condições para recuperar o local.
A prefeitura de Ubá tentou desapropriar o prédio e os maçons teriam tido interesse em receber a verba de desapropriação.
Mas, a solução esbarra na burocracia.
Por ser um hospital particular, mantido por uma entidade, ele não poderia passar ao poder público e sim deveria ser transferido a outra entidade.
Um hospital oncológico de Ubá teria mostrado interesse em assumir as instalações para ampliar o atendimento.
Mas, o impasse continua e não tem prazo para terminar.
A Comissão da Câmara, o Ministério Público, a Prefeitura e a Polícia Civil estudam todas as possibilidades para resolver o problema e devolver à comunidade o espaço importante na área de saúde.
Vamos esperar para ver até onde vai essa história!
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