Por Michele Pacheco
Hoje, o Jornal da Alterosa Edição Regional exibiu a segunda reportagem da série “Infância e Juventude em perigo”.
Dessa vez, o tema foi o envolvimento de menores de 18 anos com a criminalidade.
Nos bolsões de pobreza, a fome e a miséria causam desespero nos jovens.
Muitos não resistem às promessas de aventuras e dinheiro fácil feitas por criminosos em busca de mão-de-obra para reforçar os alicerces da violência.
Quem não resiste, acaba em conflito com a lei.
É comum encontrar adolescentes apreendidos nas operações policiais de combate a drogas, armas e pirataria.
Eles são usados por maiores de idade que se aproveitam das leis brasileiras, que não permitem que uma pessoa com menos de 18 anos seja presa.
Crianças e adolescentes são apreendidos, levados para a delegacia, ouvidos e entregues aos pais ou responsáveis.
O advogado Luiz Alexandre Botelho alerta que o adulto que se aproveita de uma criança ou de um adolescente para a criminalidade responde na justiça pelo crime e por corrupção de adolescentes.
Aqueles que são reincidentes, e a justiça considera necessário um tratamento mais rigoroso, são retirados do convívio com a sociedade e enviados ao Centro Sócio-educativo.
É isso que vamos mostrar na terceira e última reportagem.
No CSE, eles recebem educação e participam de atividades durante todo o dia.
Ocupar o tempo é a principal medida para reeducar os internos antes de devolvê-los ao convívio social e familiar.
O centro parece um colégio interno com grades e cerca.
Apesar da aparência de prisão, o que ocorre do lado de dentro é um trabalho sério, que tem o reconhecimento dos próprios adolescentes.
A Vara da Infância e da Juventude teve um aumento de 72,5% no número de casos em um ano.
Entre 2007 e 2008, foram encaminhados pela Polícia Civil 531 casos.
De março de 2008 a março de 2009, o total subiu para 916.
A maioria dos adolescentes acaba se envolvendo em confusões por conta das drogas.
A juíza Maria Cecília Stephan conta que o vício leva o garoto a praticar várias infrações. 85% dos internos do centro foram encaminhados por esse motivo.
Em muitos casos, a justiça só toma conhecimento dos atos infracionais alguns anos depois que eles ocorreram.
“Quanto maior a demora, maiores as chances desse adolescente se envolver em outros problemas.
A avaliação passa a ser mais lenta, pois temos que acrescentar às peças administrativas enviadas pela Polícia Civil os outros atos infracionais praticados. Quanto mais rápido os casos forem apurados, maiores as chances de recuperar esse adolescente antes que sejam necessárias medidas mais rigorosas” explicou a juíza.
Eu e o Robson nos empolgamos com essa série.
Ela teve que ser feita às pressas e não deu para abordar mais profundamente algumas questões importantes.
Mas, foi interessante vasculhar o arquivo da TV em busca de bons casos para citar e lembrar.
Os textos foram feitos antes de ir às ruas captar as imagens.
Isso nos ajudou a poupar tempo e caprichar nas passagens e entrevistas.
Aliás, o Robson é um perfeccionista.
Tanto ao fazer as imagens, quanto ao editar o material.
Para não sobrecarregar a edição diária, aproveitamos o sábado à tarde para editar os três materiais.
Deixo aqui a minha homenagem sincera ao meu marido.
Ele não só se empenhou em criar vinhetas e artes diferentes para a série, como mostrou a dedicação e a competência de sempre ao transformar dezenas de fitas de arquivo e outras quatro de material recente em reportagens bem editadas.
Os estudantes de jornalismo têm o hábito de se interessar mais pela parte de vídeo e, muitas vezes, esquecem a importância de quem trabalha nos bastidores.
Nosso cotidiano é um eterno ciclo.
A pauta bem-feita tem mais chances de empolgar e informar a equipe de rua, que vai ter mais material para trabalhar o assunto.
O material bem-feito na rua vai facilitar a vida do editor, que vai ter imagens e entrevistas interessantes para compor a reportagem.
Mas, todo o processo cai por terra se a edição não for feita com capricho.
É comum encontrar em empresas de comunicação editores que parecem apenas cumprir tabela, sem motivação ou talento para o cargo.
Isso é fatal!
Não há equipe de externa que mantenha o bom-humor quando vê o trabalho que teve ser anulado com uma edição medíocre.
A responsabilidade do editor acaba sendo grande, pois ele tem o poder de brecar um material ruim antes de ir ao ar.
Cabe a ele, trocar idéias com o Editor Responsável, que fecha o jornal.
Num jornal com mais editores fica bem evidente o estilo de cada um.
Estou na TV Alterosa há 12 anos e me considero uma privilegiada.
Primeiro, no tempo de sucursal, eu tive todo o apoio de editores competentes e apaixonados pelo que faziam.
Quantas vezes eles me ligaram para sugerir mudanças no texto!
Isso faz uma diferença grande quando a gente está começando, inseguro quanto à melhor forma de contar os fatos.
Guardo com carinho todos os conselhos que recebi.
Mais tarde, quando montamos a emissora em Juiz de Fora, confesso que fiquei preocupada.
Mas, logo ficou claro o potencial da Renata Vargas, uma das melhores editoras que já conheci. Quando ela foi para Belo Horizonte, a insegurança voltou.
Mas, o Stanley Teixeira fez a substituição à altura.
A sensibilidade e a competência deles nos inspiravam a ousar na rua.
Foi muito legal rever os materiais antigos.
Passear pelo arquivo foi uma volta inesquecível pelo túnel do tempo.
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