O atropelamento foi na travessia de pedestres na rua Halfeld, centro de Juiz de Fora.
A catadora de papel e moradora de rua Cláudia Ivo, de 42 anos, puxava o carrinho, acompanhada pelo marido.
Segundo testemunhas, ao ouvir o apito do trem e os sinais sonoros da travessia, eles aceleraram o passo, em vez de esperar.
A batida foi inevitável.
" A gente gritou para eles pararem, os seguranças da linha férrea fizeram sinais e o maquinista apitou feito louco, mas os dois não pareciam estar vendo nada pela frente.
Acho que deviam estar drogados ou embriagados.
Nada justifica eles não terem parado" lembrou assustada uma promotora de eventos que tinha acabado de passar pela travessia, quando ouviu o apito do trem e notou a movimentação de quem tentava alertar os catadores de papel.
Eu e o Robson estávamos indo almoçar, quando vimos o trem parado na linha.
Na mesma hora começamos a procurar em que travessia havia problemas.
Trem parado na linha para qualquer jornalista é sinônimo de acidente ou problema grave.
Acertamos na mosca.
Chegamos e ainda encontramos equipes dos bombeiros e do SAMU prestando socorro.
Num primeiro momento, achamos que a vítima estava presa debaixo do carrinho dos catadores de papel, entre a mureta e o trem.
Levamos alguns segundos para notar, no meio do tumulto, que a mulher tinha sido arrastada pelo trem alguns metros à frente.
Só quando vimos os profissionais de socorro vindo com a maca, entendemos que o atendimento tinha sido mais adiante, bem em frente à antiga estação ferroviária.
A mulher estava com um braço enfaixado e o rosto coberto de sangue.
Mal dava para identificar as feições dela.
Os bombeiros explicaram que ao bater no trem, ela ficou com um pé preso numa estrutura de metal na locomotiva e foi arrastada, batendo o rosto no chão várias vezes.
Apesar de parecer fatal, isso salvou a vida da moradora de rua e evitou que ela rolasse para debaixo da composição.
A equipe do SAMU colocou a Cláudia na ambulância, onde ela recebeu mais atendimento de emergência.
O tempo todo, o marido dela ficava andando de um lado para o outro, sem parecer estar entendendo o que ocorria.
Perguntei se ele estava ferido, pois o braço direito tinha um arranhão fundo e comprido e ele ficava o tempo todo apertando a mão no peito.
Ele me olhou como se eu tivesse perguntado alguma coisa em latim.
Os sinais de embriaguez eram fortes e pedi a um outro catador de papel que não deixasse o rapaz sair do local sem ser levado pela ambulância.
O casal foi encaminhado pelo SAMU ao HPS, Hospital de Pronto Socorro.
Alguns amigos tomaram conta do carrinho com o material deles.
Vendo o estado da Cláudia, fica até difícil acreditar que ela está internada apenas com um braço fraturado e vários cortes no rosto.
Tomara que se recupere logo.
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