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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Acidente com caminhão-tanque na MG 133

Por Michele Pacheco

Sabe aqueles dias em que você tem a ilusão de que vai cumprir o horário e correr para casa para descansar?
Pois é justamente nesses dias que as coisas teimam em acontecer.
Acabamos de fazer uma entrevista ao vivo no jornal e estávamos com aquela sensação boa de dever cumprido.
Quando voltamos para a redação, acompanhamos a discussão sobre ir ou não para Piau, onde um caminhão-tanque tinha saído da estrada e derramado a carga.

A decisão foi remanejar o horário das equipes no dia seguinte,
para que não tivéssemos que viajar às sete horas e pudéssemos ficar até mais tarde na estrada caso fosse necessário.
Seguimos para Piau. No km 28, notamos as primeiras sinalizações feitas pela Polícia Militar.
A PM de Meio Ambiente já estava por lá, avaliando os impactos ambientais.

O caminhão-tanque saiu de Juiz de Fora e seguia uma rota de entregas passando por Ubá, Guiricema, Visconde do Rio Branco e outras cidades da Zona da Mata.
Ao fazer uma curva acentuada da MG 133, o motorista perdeu o controle da direção.
Ele contou aos policiais que o caminhão "saiu" para o acostamento depois da curva e ele não conseguiu trazê-lo de volta para a pista.

A cabine ficou pendurada num barranco.
Ela deu trabalho para ser retirada, já que estava com estragos em vários pontos e empenada junto aos eixos. Dois guinchos foram para a estrada durante a noite. Mas, como a perícia não tinha sido feita, o tanque foi mantido no lugar e a cabine removida.

Com a violência do tombamento do caminhão, o tanque se desprendeu, arrastou pela margem da rodovia e caiu no barranco.
Ele foi rompido e a carga de 15 mil litros de óleo combustível vazou. Logo abaixo do local onde o tanque ficou preso na vegetação, passam dois riachos.
O produto vazou todo e caiu no córrego Caranguejo, que desagua no Rio Novo.

Encontramos na estrada também uma equipe dos bombeiros.
Eles foram chamados porque havia muito óleo espalhado no asfalto e o risco de outros acidentes. Os bombeiros usaram vários sacos de serragem para cobrir toda a mancha de óleo.
O produto não vazou do tanque e sim do motor do caminhão quando ele tombou.
Imagine o poeirão que levantou quando eles jogaram a serragem.

Chegamos uns dez minutos depois deles terem despejado o último saco de serragem no asfalto.
Ainda havia uma nuvem de poeira na estrada. Além do nariz coçando, tive que enfrentar a sensação incômoda daquelas partículas acampadas na minha lente de contato. A impressão que eu tinha era de estar piscando com dois tijolinhos agarrados em cada olho.
E o pior é que numa hora dessas nem lágrima aparece para socorrer!

Piscando desesperadamente e tentando enxergar alguma coisa, notei uma luz descendo o barranco.
Era o Robson, todo animado, indo para a parte de baixo da ribanceira fazer imagens do trecho onde o óleo vazou. A primeira coisa que imaginei foi meu marido sozinho naquela escuridão dando de cara com uma jararaca lambuzada de óleo e furiosa com a perturbação no reino dela. Mas, deu tudo certo e ele voltou inteiro para a estrada.
Gravamos o que dava durante a noite e voltamos pela manhã.
Peritos a Polícia Civil fizeram o levantamento dos estragos e funcionários de uma empresa especializada em acidentes com vazamento de produtos químicos se encarregaram da limpeza. 
A avaliação foi de que 70% da carga foram absorvidos pela terra no local do vazamento.
Os outros 30% caíram no corrégo. 
Mas, como ele tem muita correnteza, a mancha se diluiu rápido até chegar ao Rio Novo.

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