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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

terça-feira, 29 de março de 2011

Temporal em Juiz de Fora espanta o calor

Por Michele Pacheco

Depois de alguns dias muito quentes e sem um ventinho sequer, choveu forte em Juiz de Fora.
O tempo fechou por volta de três da tarde.
Meia hora depois, despencou o temporal.
As previsões dos institutos meteorológicos estavam certas.


Desde o fim de semana, os telejornais vinham anunciando que a massa de ar quente terminaria em tempestade na região sudeste.
A avenida Rio Branco, uma das mais movimentadas de Juiz de Fora sumiu no meio da cortina de água.
Mal dava para ver os ônibus e carros que passavam pela avenida entre o centro e o bairro Alto dos Passos.

O volume intenso de chuva causou problemas em vários pontos da cidade.
Houve quedas de árvores na BR 267, exigindo atenção das autoridades para evitar prejuízos aos motoristas.
Os bombeiros entraram em ação ainda durante o temporal.
Da nossa sacada, dava para ver os carros deles passando para atender ocorrências.

Numa hora dessas, eles trabalham dobrado.

Quem parou o carro no fim da rua Dr. José Cesário, no bairro Alto dos Passos, se deu mal.
Para variar, bastou chover mais forte para o trecho ficar inundado e os carros cheios de água.
O triste é saber que o prejuízo é grande e fica todo por conta do dono.
Alunos, professores e funcionários da Unipac, frequentadores de uma academia e pacientes de várias clínicas costumam estacionar no local e estão sempre em perigo.

Além do aguaceiro, houve muitos trovões e raios.
O Robson correu para registrar tudo das janelas e da sacada.
A Avenida Rio Branco também ficou alagada perto do trevo do bairro Bom Pastor.
Os pontos de ônibus também.
Aliás, basta chover para os passageiros ficarem em situação complicada.
Molham de cima a baixo com a chuva e o vento e ainda têm que subir nos bancos para fugir da enchente em alguns trechos da cidade!

Amamentação - Ato de amor e persistência

Por Michele Pacheco

Pedimos desculpas aos leitores do nosso blog pelo tempo sem textos.
Mas, foi por uma boa causa.
Nossa princesinha Olívia nasceu no dia 16 de março e temos nos dedicado a ela de corpo e alma.
O Robson está terminando a licença paternidade - juntou os cinco dias garantidos por lei e outros dez de compensação de horas-extras.

Quem tem filhos sabe que essas primeiras semanas são mais confusas.
Nós estamos nos adaptando a ela e vice-versa.
Olívia é um anjinho e dorme muito.
Mas, quando está com fome, vira uma fera.
Aí é que entra nosso principal problema.

Ela tem preguiça de mamar e dorme no peito.
Com isso, meu leite custou para descer e as mamas ficaram duras, empedradas.
Procurei ajuda no Banco de Leite de Juiz de Fora e conheci uma lenda entre as mães e gestantes.
A Luzia trabalha há 19 anos na AMAC, Associação Municipal de Apoio Comunitário, e já ajudou muita gente.

Ela conseguiu me acalmar e deu dicas preciosas.
Pena que uma profissional tão valorizada por quem já precisou dela não tenha o mesmo tratamento por parte do poder público.
Ela foi aprovada em dois concursos para a área de saúde e não foi chamada em nenhum deles.
A falta de reconhecimento tira a motivação de qualquer um, mas não diminui o carinho que a Luzia dedica às mães e aos bebês que dependem dela.

Agora que me sinto mais segura e à vontade com a amamentação, posso voltar à ativa no blog.
Aprendi uma lição com a maternidade.
Amamentar é um ato de amor e perseverança.
Ainda não posso dizer que é confortável, tenho que complementar com leite artificial porque a Olívia acaba de mamar e chora de fome, mas sei que é o melhor para ela e não vou desistir.
Tomara que toda mãe que tiver as mesmas dúvidas que eu encontre um anjo da guarda como a Luzia.

terça-feira, 15 de março de 2011

Adolescente é vítima de maus tratos em Chácara-MG

Por Michele Pacheco

Permanece internada no Hospital de Pronto Socorro de Juiz de Fora
a adolescente de 14 anos encontrada em estado precário no município de Chárcara, Zona da Mata.
As visitas estão proibidas.
As fotos dela são chocantes:
feridas nos pés, nas mãos e na cabeça.
Algumas inflamadas.

A história chocou os moradores de Chácara, cidade tranquila, com menos de três mil habitantes.
A garota morava com a avó até que a mãe resolveu reassumir a filha.
O estado grave da adolescente chamou a atenção do motorista que fez a mudança da família de Coronel Pacheco para Chácara.
O Conselho Tutelar foi acionado e uma equipe de Saúde da Família esteve na casa em Chacrinha, zona rural de Chácara.

Os maus tratos foram confirmados e a vítima levada para o posto de saúde da cidade, onde o estado dela foi considerado grave.
A adolescente foi transferida para Juiz de Fora e o caso está sendo investigado pela Delegacia de Mulheres.
Os investigadores estiveram no hosptial e conversaram com a garota.
Segundo os policiais civis do Grupo Tático operacional de Família, ela confirmou que era amarrada ao galinheiro e à cama e costumava ser deixada debaixo de chuva.

A Conselheira Tutelar Vânia Torres acompanha o caso e diz que o quadro encontrado é de tortura.
A vítima está desnutrida, desidratada, com marcas de queimadura e muito ferida.
A delegada Dolores Tambasco, responsável pela investigação, disse que não foi confirmada ainda a suspeita de abuso sexual.
Quanto à autoria dos crimes praticados contra a adolescente, vai ser apontada durante o inquérito.
Mas, como além da mãe a vítima tinha contato com outras pessoas da família, todas podem ser responsabilizadas por participação ou omissão.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Acidente grave na MG 353, em Piau

Por Michele Pacheco

Os bombeiros de Juiz de Fora foram chamados hoje para atender a vítimas de um acidente grave na MG 353,
perto do trevo de Piau, na Zona da Mata Mineira.
Dois carros bateram de frente.
Um Santana foi parar numa árvore, nas margens da rodovia.
Com a violência da batida, duas pessoas que estavam no veículo ficaram presas nas ferragens e tiveram que esperar o socorro dos bombeiros.

A equipe de Juiz de Fora teve que cortar a lataria para tirar os feridos.
No Santana, foi usado também o equipamento conhecido como desencarcerador.
Ele ajuda a abrir espaço para remover as vítimas em meio à lataria retorcida.
Enquanto alguns bombeiros cortavam e puxavam as ferragens, outros tentavam acalmar o casal ferido.
Foram usadas técnicas de salvamento e atendimento pré-hospitalar.

O casal e uma terceira vítima, que estava no outro carro,
foram levados para o Hospital de Pronto Socorro e o Hospital Monte Sinai, ambos em Juiz de Fora.
Segundo os boletins médicos, um homem teve ferimentos nos braços e permanece internado.
Uma das mulheres teve uma perna amputada e o estado dela é estável.
Esses foram os casos mais graves.

Durante o atendimento às vítimas em Piau, a MG 353 ficou com o trânsito interrompido.
Houve congestionamento, mas a ação rápida dos bombeiros e a orientação da Polícia Militar Rodoviária evitaram mais transtornos para os viajantes, que esperaram pouco e puderam seguir viagem sem problemas.
Apesar das estradas estaduais mineiras não terem chamado atenção quanto ao número de acidentes no feriado do carnaval, elas ainda exigem cuidados por parte dos motoristas.
Quem decidiu curtir toda a semana de folga e só voltar nos próximos dias, vai encontrar tráfego intenso nas rodovias da região.

Demissões geram protesto em Itamarati de Minas

Por Michele Pacheco

A demissão de 117 funcionários de uma empresa de transporte foi o motivo do fechamento da estrada AMG-0525 que serve como o principal acesso a Itamarati de Minas.
Os trabalhadores usaram os próprios caminhões para fechar a rodovia nos dois sentidos.
A polícia militar acompanhou o protesto, para evitar excessos.
Alguns motoristas tiveram que adiar a viagem, mas não houve reclamações.

Os trabalhadores contaram que trabalhavam para a Supra, transportadora que prestava serviços para a CBA, Companhia Brasileira de Alumínio.
Com a recisão de contrato entre as duas empresas, eles perderam os empregos e agora não vêem perspectiva de novas vagas na cidade.
Com apenas 5 mil habitantes, Itamarati de Minas não tem postos de trabalho sobrando e a instalação da mineradora foi encarada como salvação da economia.

Mas, agora são 117 desempregados.
Por trás de cada um deles tem uma família que dependia desses empregos para sobreviver.
O gerente da Supra, Fabrizio Nogueira, disse que o contrato com a CBA foi rompido depois que a transportadora passou a exigir certos detalhes do contrato que não estariam sendo respeitados.
Um deles era a manutenção das estradas por onde os caminhoneiros transportam o minério extraído no município.

Segundo o gerente, vários acidentes foram registrados.
O aposentado Valdemir Araújo de Souza foi uma das vítimas.
Ele contou à Flávia Crizanto e ao Robson que seguia pela estrada, quando notou um motorista vindo para cima dele.
Como havia muita poeira e as condições da via não eram boas, ele não teve como se desviar ou evitar o acidente.

A prefeitura busca alternativas para que esses trabalhadores não sejam prejudicados.
O poder público municipal não tem como reverter a situação, já que os contratos envolvem duas empresas privados.
Mas, o prefeito fez uma reunião pedindo prioridade na contratação desses profissionais por outra empresa que venha a prestar serviços para a CBA com relação ao transporte.
A mineradora informou que já contratou outra transportadora e tem por norma incentivar a contratação de mão-de-obra local.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Rodoviários causam transtornos em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

O direito de um começa onde termina o do outro.
Frase bonita, não é?
Só que na prática não passa de conversa fiada.
O melhor exemplo é o movimento dos rodoviários em Juiz de Fora.
Eles avisaram na semana passada que depois do carnaval fariam uma operação tartaruga.
Hoje, a população saiu mais cedo de casa sabendo que não poderia se arriscar a sair no horário de sempre, porque haveria atraso.
Mas, o sindicato não cumpriu com o que anunciou.
Em vez de operação tartaruga, eles fizeram foi paralisação.
 

Eles justificaram a ação, dizendo que um policial militar multou os motoristas e foi grosseiro com os manifestantes.
Os jornalistas que acompanhavam o movimento negaram que o sargento tenha sido rude com os rodoviários.
Alguns passageiros e profissionais da imprensa inclusive se ofereceram como testemunhas à favor do PM.
Vale lembrar que, se a multa foi mesmo aplicada, o policial apenas cumpriu com o papel dele: respeitar e cobrar o cumprimento das leis de trânsito.

Fazer greve é um direito garantido pela Constituição.
Mas, a liberdade de ir e vir, o acesso a transporte público e à saúde também são.
Hoje, com certeza, era um dia em que só deveria sair de casa não tivesse escolha.
Isso inclui quase toda a população juizforana.
As consultas médicas não podem ser remarcadas porque os rodoviários decidiram parar; muito menos os patrões vão aliviar para os empregados que chegarem atrasados ou não chegarem por falta de transporte.

E não é de agora.
Todo início de ano é a mesma lenga-lenga de negociação salarial, ameaças, intransigência de ambas as partes e prejuízos para a população.
[Desta vez, senti na pele o que venho noticiando há tanto tempo.
Eu precisava estar no centro às 10h para a última consulta médica antes da cesariana e não tenho tempo hábil para remarcar, pois a Olívia já está na posição de nascer e minha ginecologista me pediu repouso, para evitar entrar em trabalho de parto.

Às oito horas, comecei a me arrumar, viagiando pela janela o movimento na Rio Branco.
Quando não vi nenhum ônibus passando e os pontos cheios, logo percebi que os rodoviários estavam parados em algum trecho.
Comecei as 8h30 a ligar para todas as empresas de táxi e me deparei com outro problema crônico na cidade: o número insuficiente deles.
Só dava ocupado!
Quase uma hora depois, desisiti e me conformei de descer à pé do Alto dos Passos ao centro.

Pelo caminho, fiquei de olho em todo táxi que passava, mas não vi nenhum livre.
No ponto de ônibus em frente à Santa Casa de Misericórdia e ao Hospital de Pronto Socorro, dava pena olhar os passageiros parados.
Gente com membros engessados, idosos, pessoas com curativos, mães com bebês recém-nascidos no colo...
Todo mundo plantado sem opção para voltar para casa.
Infelizmente não existe um sindicato para defender os direitos dessas pessoas e colocá-los acima de qualquer interesse.

O Robson e a Flávia cobriram a paralisação e registraram passageiros tendo que descer no meio do caminho e correr para tentar chegar ao trabalho.
Quem reclamou foi vaiado pelos manifestantes.
Gente, isso é  inaceitável!
Poderia ser a mãe ou um parente dos rodoviários precisando chegar a algum lugar com urgência.
Se não vêem outra opção senão radicalizar a negociação, é um direito deles.
Mas, manter o respeito pelo povo é mais do que uma obrigação, é uma questão de educação e justiça!

Esse senhor de 85 anos estava completamente desorientado.
Imagine ter uma idade avançada como ele, conviver com a realidade cruel de que o corpo já não é mais o mesmo, que as pernas já não têm mais a mesma vitalidade e não garantem mais a liberdade de se locomover como bem entender!
Quem é mais novo, desce no meio do caminho, pula canteiro e segue em frente às pressas.
Mas, e os idosos?
Ficam reféns, perdidos pelo caminho, com fome, sede e a sensação lamentável de impotência.

A paralisação e a operação tartaruga foram definidas pelo sindicato.
Eles divulgaram à imprensa que houve 100% de adesão na parte da manhã.
Situação óbvia, já que as principais vias do centro foram fechadas pelos manifestantes que pararam os coletivos na pista central da Avenida Rio Branco.
Ainda que alguém não concordasse com o movimento, não teria como trabalhar.
Até onde me consta, por lei, em caso de greve ou paralisações de serviços essenciais, é obrigatória a manutenção de 30% do atendimento.

Durante a entrevista, a Flávia perguntou a um líder do sindicato como ficava a situação dos trabalhadores que não quisessem aderir.
Ele respondeu que eram livres para escolher.
Ela insistiu e perguntou como eles iam fazer para trabalhar, se a avenida estava fechada.
A resposta rude foi de que era problema de quem não participasse.
Esse tipo de postura intransigente pode colocar a população, as autoridades e a imprensa contra a categoria.

Os rodoviários não aceitam o reajuste de  7,53% oferecido pelas empresas.
Eles apontam uma série de defasagens nas negociações e cobram aumento de 15%.
Aposto que a negociação vai parar no Ministério Público, os protestos vão dar o que falar e os passageiros vão continuar sendo prejudicados.
Espero sinceramente, pelo respeito que tenho por toda a categoria e pelos integrantes do Sindicato dos Rodoviários, que eles consigam resolver os problemas e conquistar o que é justo.

Espero ainda, que quando estiverem aposentados, precisando ir ao médico, não esbarrem em paralisações do transporte público.
Que quando um parente ou eles mesmos estiverem em situação de urgência ou emergência, com dor, sangrando, não esbarrem em operações tartarugas de médicos do SUS em plena campanha salarial.
Porque numa hora dessas, eles ainda vão se lembrar dos transtornos que provocaram a tantas pessoas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Incêndio em bar deixa um ferido em Bicas

Por Michele Pacheco

Quarta-feria de cinzas.
Dia de voltar ao trabalho e se despedir da folia.
Pelo menos, a rotina recomeça em meio expediente!
Em Bicas, os moradores curtiam o restinho de descanso, antes de retomar o trabalho, depois do almoço.
O Robson e a Flávia Crizanto voltavam da cobertura de um bloco carnavalesco, quando flagraram uma situação perigosa.

Chamas altas saíam de um bar.
Ele fica na parte de baixo de uma construção de dois andares.
Do lado de fora dava para ver o fogo devorando tudo pela frente.
A fumaça negra se espalhou rápido e assustou os vizinhos.
Como a cidade não tem uma guarnição de bombeiros, o socorro foi pedido ao Quarto Batalhão de Bombeiros Militar, em Juiz de Fora.

Enquanto os bombeiros não chegavam, os próprios moradores se desdobraram com baldes e mangueiras para tentar controlar o incêndio.
Todos estavam muito preocupados com os imóveis ao redor.
Sem controle, as chamas poderiam se espalhar e causar um estrago de grandes proporções.
Fiquei me imaginando numa situação dessas, acordando com fumaça e vendo o perigo tão perto, sem poder fazer nada.

Homens, mulheres e crianças foram para as ruas.
Alguns pareciam não acreditar no que estavam vendo.
Outros, não paravam e ficavam de um lado para o outro vigiando o avanço do fogo.
Mas, felizmente numa situação como esta sempre tem gente com iniciativa, que arregaçou as mangas e foi em busca de recipientes com água para tentar diminuir os riscos até a chegada dos bombeiros.

Os policiais militares de cidades pequenas estão acostumados a agir em todo tipo de emergência e não fizeram por menos.
Se uniram aos moradores e foram molhando como dava a entrada do bar.
Como as labaredas ainda estavam sem controle, ninguém se arriscou a entrar no estabelecimento antes de ter certeza de que era seguro.

A primeira pessoa a notar o incêndio foi uma vizinha.
Dona Maria Célia do Carmo sentiu o cheiro de fumaça e foi ver o que estava acontecendo.
Ao notar o fogo, gritou por socorro.
Muito abalada, ela chorou durante a entrevista à Flávia.
Difícil esquecer o susto e a sensação de impotência vendo o perigo tão perto da família dela.

O dono do bar ficou muito ferido.
Teve queimaduras nos braços, nas pernas e na cabeça.
Teve a roupa destruída e perdeu os cabelos.
Ele foi socorrido por uma ambulância de Bicas.
A suspeita é de que o comerciante tenha tentado o suicídio.
O homem contou à vizinha que alguém colocou fogo no bar.

Ele sentado num banco, todo queimado, sangrando e com olhar perdido é uma cena que a Flávia com certeza não vai esquecer tão cedo.
Ser repórter numa hora dessas exige calma.
A gente não pode atrapalhar enquanto busca informações, tem que disfarçar o choque e a emoção de ver o sofrimento alheio e ainda tentar entrevistas com pessoas que estão tão assustadas que nem sabem o que dizer.

Eu e o Robson acompanhamos há muito tempo o trabalho de policiais e bombeiros para saber que uma boa imagem não depende de estar no meio do caminho deles, prejudicando o socorro.
A sensibilidade é o mais importante.
Saber a hora de se aproximar e de se manter distante, estar atento a tudo o que é dito ao redor, saber a quem pedir informações...
E, o mais importante, não esquecer de respeitar as pessoas que estão envolvidas no caso.

Fico muito orgulhosa vendo a Flávia, com pouca experiência de rua, colocar em prática esses detalhes.
O interesse natural dela pelo lado humano das histórias é um passo importante para que se torne uma grande repórter.
No início, cobrir situações como este incêndio é difícil.
A gente nunca sabe o que é o mais importante na história, se está valorizando as imagens que o repórter cinematográfico está fazendo, se o público vai entender todos os lados do fato.

Vale a sensibilidade de cada um.
Como a equipe não invadiu o espaço dos moradores, conseguiu a colaboração deles com informações.
Os vizinhos mostraram o medo deles quanto a um cômodo atrás do bar, onde estavam guardados botijões de gás, pneus e outros materiais inflamáveis que poderiam colocar em perigo outras construções.
São dados imprescindíveis para a reportagem, que os jornalistas só conseguem com atenção e apoio de quem mora no local.

Os bombeiros de Juiz de Fora chegaram e acabaram com o incêndio.
Por mais urgente que fosse o chamado, eles tiveram que passar por 40Km da BR 267, que exige atenção dos motoristas.
Ainda mais, no retorno do feriado, com tantos veículos na estrada.
Chegaram o mais rápido que puderam, apagaram o fogo e fizeram o rescaldo.

Foram tirados do bar móveis, balcões frigoríficos, garrafas e todo tipo de material carbonizado ou derretido.
O calor intenso fez com que os bombeiros molhassem os produtos retirados e também o interior do imóvel, para evitar que as labaredas voltassem a ameaçar o local.
Botijões de gás estavam dentro do estabelecimento e, por sorte, não explodiram.

O que ninguém esperava era encontrar irregularidades no meio do rescaldo.
Quando os móveis foram tirados, os policiais militares levaram um susto ao ver a quantidade de munições, incluindo de fuzil, que estavam guardadas numa gaveta e se espalharam pela rua quando os bombeiros começaram a jogar tudo para fora.
Como o comerciante já não estava mais no local, não ficou claro o que aquelas munições estavam fazendo lá.
Agora, além da dor das queimaduras, ele vai ter muito o que explicar sobre a causa do incêndio e o material encontrado no bar.