Por Michele Pacheco
Puxa!
Depois de tanto calor, esse friozinho com chuva tem sido uma bênção.
Mas, para alguns moradores de áreas de risco em Juiz de Fora, a situação é diferente.
A chuva fina desde domingo encharcou a terra seca e provocou deslizamentos em pontos das zonas sul e leste da cidade.
Das cinco da tarde de ontem até o meio da manhã, a Defesa Civil registrou 15 chamados.
Quatro famílias foram orientadas a deixar as casas.
O risco de novos deslizamentos de terra e desabamentos de moradias tem que ser levado à sério.
Hoje, o Robson e a Flávia Crizanto foram aos locais mais perigosos.
No bairro Alto Grajaú, encontraram terra solta e acumulada depois de deslizamentos durante a noite e a madrugada.
Para onde eles olhavam, havia rastro de lama nas encostas.
Com a seca prolongada nesse verão, cheguei a pensar que a cidade se livraria dos estragos tradicionais do tempo de chuva.
Mas, bastou chover um pouco para que todos se lembrassem de que muito pouco foi feito para diminuir os riscos nas áreas mais íngremes de Juiz de Fora.
E não basta culpar o poder público, porque os moradores têm uma boa parcela de culpa!
Essa foto que o Robson tirou quando estava na zona leste mostra um problema antigo e que parece sem solução.
Os próprios moradores se colocam em perigo ao transformar as encostas em lixões e bota-fora clandestinos.
Adivinhem onde vai parar toda essa montanha de detritos acumulada num terreno instável e inclinado?
Depois, o pessoal chora as mortes e os prejuízos como se fossem uma grande surpresa.
O indício de tragédia está onde a vista alcança, basta prestar atenção!
Na zona sul, o relevo acidentado é um problema constante em tempo de chuva.
Vários bairros tem áreas mapeadas pela Defesa Civil que exigem atenção dobrada.
Entre as casas que os engenheiros interditaram, está uma no bairro Cruzeiro do Sul.
O barranco cedeu e a terra se acumulou nos fundos da moradia onde vivem oito pessoas.
O temporal de ontem arrastou o muro e concreto.
As árvores no barranco ajudaram a segurar parte da estrutura, mas a situação é complicada.
A moradora não quer sair, pelo mesmo problema que muita gente prefere correr risco em áreas condenadas.
Ela não tem para onde ir com a família.
É claro que preservar a vida deveria ser prioridade.
Mas, se a gente se colocar no lugar dessas pessoas, vai ver que não é fácil largar tudo e viver sem garantias, em abrigos.
Isso, sem falar dos bandidos que se aproveitam da tragédia alheia e invadem casas inundadas ou interditadas por queda de barrancos.
As famílias em geral já têm pouco e ainda convivem com o medo de perder tudo o que deixarem para trás.
A prefeitura ajuda com abrigo e alimentos em muitos casos.
Mas, isso não é definitivo.
A incerteza quanto ao futuro é o primeiro passo para que famílias inteiras insistam em ficar nas moradias em perigo e se arrisquem.
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