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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Apreensões de carne clandestina em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Hoje, vou preparar bifes de fígado bem fresquinhos para o almoço. Eles foram trazidos pela minha mãe de Três Rios. Ela compra carne no mesmo açougue há mais de 20 anos. Nunca teve nenhum problema e o açougueiro já conhece o jeito como ela gosta das carnes e o quanto é exigente quanto à qualidade do produto. Por aqui, não tenho nenhum açougue preferido ou de confiança e fico desconfiada. Em apenas 10 dias, a prefeitura apreendeu duas toneladas de alimentos impróprios para o consumo em Juiz de Fora.
Vendo o trabalho que nossos amigos da fiscalização têm na cidade para evitar venda de carne clandestina, fico cada vez mais insegura na hora de comprar. Nessa semana, um açougue da rua Batista de Oliveira, quase esquina com Floriano Peixoto, foi alvo dos fiscais. Quem passa diariamente pela porta, nem imagina o perigo que se esconde lá dentro. Toda aquela carne aparentemente saudável é vendida sem selo de inspeção sanitária, nota fiscal e outros documentos que comprovem a origem do produto.

A equipe da Secretaria de Atividades Urbanas não deu moleza e apreendeu uma tonelada e meia de carnes bovina e suína, com destaque para linguiça, toucinho, pele de porco e embutidos guardados sem os cuidados necessários. A situação era tão complicada que um freezer estava com o vidro quebrado e o conteúdo era protegido apenas por papelão e plástico. Imagine o risco que corremos ao comprar carne numa situação dessas!

O açougue foi interditado, durante a operação que durou três horas e contou com  o apoio de funcionários da Vigilância Sanitária. Também pudera! Foi a quarta vez que o mesmo estabelecimento foi autuado por irregularidades. O material apreendido foi descartado no aterro sanitário de Juiz de Fora. Muita gente acha maldade destruir tanta comida, com inúmeras pessoas passando fome por aí. A primeira impressão é essa mesmo.

Mas, quando cobrimos uma das apreensões, perguntamos ao Evailton Pires, um dos fiscais mais competentes e experientes que a prefeitura já teve, se não seria melhor doar os produtos apreendidos. Ele explicou que sem o comprovante de origem, é grande o risco de levar alimentos estragados ou contaminados a quem receber a doação. Uma pena, mas é verdade. Fico imaginando pacientes em hospitais, idosos frágeis em asilos ou crianças em creches ficando doentes por conta de comida estragada. 
A solução seria ter o apoio de algum laboratório que disponibilizasse um profissional para ir ao local das apreensões e fazer testes com os produtos para saber se estão em condições de serem consumidos. Isso teria que ser feito rápido, para preservar as condições dos alimentos. Puxa, a Universidade Federal de Juiz de Fora tem trabalhos fantásticos na área de alimentação. Será que esse tipo de parceria não seria viável? Até mesmo os estudantes poderiam fazer os testes como parte do aprendizado.

Para nós jornalistas, cobrir esse tipo de reportagem sempre traz um inconveniente: o mau-cheiro que em geral acompanha os produtos apreendidos. Basta um respingo de sangue podre ou líquido azedo para passar o resto do dia tendo que explicar o mutum por onde a gente passa. Sem falar que a roupa fica "batizada" por um bom tempo. O jeito é torcer para não ter nenhuma pauta em lugar fechado depois de acompanhar as apreensões.

Ah, e é bom ter estômago forte! Lembro de uma vez em que o Pires apreendeu muita carne estragada. Os sacos estavam fechados e já dava para sentir o cheiro. Quando ele abriu para nos mostrar o alimento até esverdeado, o aroma foi indescritível. Diante daquilo, urubu até aprenderia a salivar!
Como diz o Robson, melhor perder o amigo do que a piada.
Claro que gozamos muito os fiscais quanto ao cheiro insuportável que eles apresentavam.

Brincadeiras à parte, respeitamos muito o trabalho desses profissinais que se dedicam a fiscalizar a ação dos comerciantes e ambulantes.
Aqueles que levam o trabalho a sério têm papel fundamental na preservação da saúde pública.
Claro que, como em qualquer profissão, tem alguns indivíduos que se aproveitam do cargo para receber propina e fechar os olhos às irregularidades.
Por isso, todos nós temos que fazer a nossa parte e ficar de olho a qualquer irregularidade.
Denúncias sobre alimentos impróprios ou irregulares vendidos em Juiz de Fora podem ser feitas pelo telefone (32) 3690-7507.

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