Por Michele Pacheco
Durante a minha licença maternidade tive tempo de sobra para monitorar todos os telejornais.
E percebi o quanto o lado ruim do ser humano está em evidência.
É tanta maldade que a gente chega a se perguntar se o mundo ainda tem solução.
Voltando ao trabalho, pedi à Elisângela Baptista, nossa editora, que trouxesse de volta ao ar o quadro Nota 10, que fez muito sucesso no Jornal da Alterosa 1a Edição.
A resposta dela foi imediata: vamos nessa.
Com nosso equipamento, eu e o Robson produzimos duas matérias para marcar a minha volta.
A primeira foi com um grupo de voluntárias que produz artesanato para ajudar a angariar recursos para o hospital Ascomcer, que trata de pacientes com câncer.
Muitos são atendidos de graça.
As 20 mulheres foram reunidas pela Lúcia.
Ela teve câncer e fez quimioterapia na Ascomcer (originalmente chamada de Associação Feminina de Combate ao Câncer, mas que hoje atende homens e mulheres).
Quando ficou curada, a emoção foi tão grande quanto o desejo de retribuir o carinho que recebeu.
Primeiro, ela ensinou tricô e crochê aos pacientes e acompanhantes que queriam algo para se distrair.
Depois, resolveu montar o grupo de voluntárias.
São mulheres que já tiveram câncer ou que tiveram parentes com a doença e que se dispuseram ao trabalho voluntário.
Entre elas, está a minha sogra, Therezinha.
Ela ficou viúva quando se recuperava do câncer de mama, ficou deprimida e espantou a tristeza com trabalho voluntário.
As colegas de grupo também têm histórias parecidas.
Duas vezes por semana, elas deixam os afazeres de casa, os filhos e as outras responsabilidades para se dedicar ao voluntariado.
Por semana, produzem em torno de 100 peças diversas de cachecol, meias, sapatinhos de tricô e outros tipos de artesanato para vender e arrecadar dinheiro para o hospital.
Quem quiser conhecer o trabalho, pode se informar na própria Ascomcer.
Os produtos que não são distribuídos entre os pacientes ficam à venda na portaria da associação, no bairro Cascatinha, perto do viaduto da Avenida Independência.
Como muitos pacientes e acompanhantes são carentes e vêm de fora, eles são beneficiados com sapatos de lã, agasalhos, etc. feitos pelas voluntárias.
Outra iniciativa bacana que registramos no Nota 10 foi a da Mônica.
Há sete anos, ela e o marido passavam por uma fase muito complicada.
Ela precisava de roupas e alimentos para os filhos e chegou a passar fome.
Durante a entrevista, contou que algumas vezes os pais cediam a roupa do corpo para aquecer os filhos.
Hoje, o casal está com a vida em ordem e a Mônica decidiu retribuir o carinho que recebeu na Sociedade Beneficente Mão Amiga.
Foi lá que ela conseguiu cestas básicas e roupas para a família nos momentos difíceis.
Agora, a ex-beneficiada é voluntária e ajuda em eventos para reunir recursos para a ong.
A Maria Aparecida da Silva, presidente da Mão Amiga, sabe bem o que a Mônica sente.
A Cida também já precisou de ajuda para criar os filhos e passou dificuldades.
Quando conseguiu uma vida mais estável, fundou a ong para ajudar famílias carentes.
O trabalho dela é reconhecido em Juiz de Fora.
Os voluntários são apontados como grandes responsáveis por manter a sociedade em funcionamento.
O triste é saber que apesar dos exemplos e das lições de vida, a Mão Amiga pode fechar as portas.
É que o pessoal está com dificuldades para pagar o aluguel da casa onde funciona a sede da ong e da loja onde é mantido o bazar da Mão Amiga.
Inacreditável como os políticos que gostam tanto de reunir mais eleitores não enxergam o potencial de ajudar a sociedade beneficente.
É assim que morrem os bons exemplos.
Hoje, foi ao ar a terceira matéria do quadro Nota 10.
Foi sobre uma iniciativa linda para melhorar a vida de pessoas carentes.
A Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres foi criada há 80 anos.
Um casal de Juiz de Fora comemorava sempre o aniversário da filha oferecendo um jantar de graça para crianças pobres.
Aí, surgiu a idéia de oferecer refeições diárias aos necessitados.
Com ajuda de voluntários e doações, o trabalho deu certo e é mantido até hoje.
Fomos cedo para registrar os funcionários em ação, preparando o almoço.
Encontramos histórias muito interessantes.
O segredo do sucesso está no amor com que tudo é feito.
Mesmo aposentada, a Terezinha faz questão de ajudar sempre que pode.
Ela aprendeu com os pais e avós a importância de fazer parte da Sopa dos Pobres.
Mas, ao se afastar por motivos de doença, deixou uma substituta.
Roselaine mantem a tradição familiar de integrar a sociedade beneficente e espera que as filhas um dia façam o mesmo.
Além das 200 refeições servidas por dia,
a presidente da sociedade contou a nossa equipe que são distribuídos cestas básicas, cobertores, agasalhos, kits para gestantes e muitas outras coisas.
Os alimentos frescos doados que não são consumidos no mesmo dia também são entregues aos frequentadores.
Encontramos mãe e filha vasculhando as cestas com verduras e legumes e enchendo sacolas para levar para casa.
Todos que estavam lá se deliciando com a feijoada de hoje foram unânimes ao falar que o trabalho é abençoado e que todos que ajudam fazem isso com carinho e respeito pelos que precisam de ajuda.
Muito legal ver a alegria dos funcionários e o amor deles pelo próximo.
Se você souber de inciativas que mereçam ser divulgadas no quadro Nota 10, é só passar os dados e contatos.
A gente vai entrar em contato e fazer as matérias se for do interesse dos responsáveis pelos trabalhos.
A idéia é abrir espaço para os bons exemplos.
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