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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

domingo, 18 de março de 2012

Deslizamento de terra mata duas jovens em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Duas jovens bonitas, alegres, cheias de paixão pela vida.
Os finais de semana eram esperados com ansiedade pela Larice Aparecida da Silva Quina e pela Anna Beatriz Varela, que adoravam se juntar aos amigos para uma boa festa ou simplesmente para colocar os assuntos em dia.
Essa é a descrição passada por parentes das duas jovens de 19 anos que morreram soterradas no bairro Linhares, em Juiz de Fora.

Elas tinham muitos planos na vida, interrompidos de forma trágica na manhã desse domingo sob toneladas de lama.
Segundo a família, as duas amigas passaram a noite com amigos e voltaram para a casa da Larice, onde a Anna estava passando uns dias, por volta das seis da manhã.
Pouco depois, o quarto delas, nos fundos da casa, foi invadido por lama e vegetação arrastadas no deslizamento.

A Marina contou que estava se preparando para ir trabalhar e conversava com os dois filhos pequenos na sala, quando ouviu um estrondo.
Ela correu para a calçada e não teve tempo de voltar e socorrer a filha e a amiga, porque a lama já tinha chegado na sala.
Era o início de um domingo de tragédia no bairro Linhares, zona leste de Juiz de Fora.

Enquanto a família e os amigos rezavam, os bombeiros trabalhavam sem parar dentro da casa.
Como se não bastasse toda a lama que dificultava a busca, ainda havia o risco de desabamento.
Já disse aqui em inúmeras ocasiões que considero os bombeiros verdadeiros heróis.
Homens e mulheres comuns, sem super poderes, mas que têm uma vontade de ferro quanto se trata de arriscar a própria vida para salvar pessoas que nem conhecem.

Foram quase cinco horas de escavação, sem descanso.
Movidos pela ansiedade de encontrar as vítimas ainda com vida, eles corriam contra o tempo.
Cada segundo era precioso.
Ao menor sinal de ruído vindo dos fundos, todo o sewrviço parava e os bombeiros pediam silêncio, porque poderia ser um sinal de sobreviventes.

A primeira equipe de bombeiros que chegou ao local levava o Sargento Denílton.
Ele já chamou a nossa atenção em inúmeras ocasiões pelo profissionalismo.
Mas, ontem, nossa admiração aumentou ainda mais.
Ele trabalhou o tempo todo na linha de frente, no local mais perigoso, prometendo só sair de lá com as vítimas vivas ou mortas.

O que muitos não sabiam, era que ele não procurava desconhecidos.
A Larice era prima do bombeiro.
Imagine quanta força de vontade e profissionalismo foram necessários para controlar a angústia, a emoção e o desespero e manter o sangue frio.
E, como prometeu, ele só deixou o lamaçal com os corpos, encontrados próximos e completamente soterrados.

O tempo todo em que as buscas eram feitas, moradores revoltados comentavam que há três dias vinham reclamando de um vazamento na rede de água no alto do barranco.
O Sebastião, tio da Larice, disse que algumas pessoas chegaram a pedir providências à Cesama, mas não foram atendidas.

Na rua de cima, encontramos a Denise.
O deslizamento de terra começou bem em frente à casa dela.
A auxiliar de serviços gerais disse que por volta de 5 da manhã, um vizinho alertou que havia água jorrando na rua.
Ela contou que ligou para a Cesama às 5h47min., mas os técnicos só apareceram às 9h, quando a tragédia já estava concluída.

Conversamos com o diretor da Cesama e ele afirmou que a água foi fechada às 6h.
Disse ainda que não era possível precisar a hora do desabamento.
Essa questão é fácil de resolver.
Basta pedir cópias aos bombeiros e aos profissionais do SAMU das ligações que eles receberam a partir de 6h45min.

O prefeito de Juiz de Fora esteve no local para dar apoio às famílias e prometer auxílio social para quem foi prejudicado pelo deslizamento do barranco.
Quanto às denúncias de demora da Cesama para resolver o problema do vazamento, ele disse que a prefeitura vai acompanhar de perto a apuração das causas da tragédia.

Um comentário:

Wilian César disse...

Eu só espero que a investigação sobre as causas do acidente seja realizada de maneira séria, sem que haja a intenção de proteger a Cesama e a Prefeitura.

Os moradores daquela região deveriam se unir e contratar uma investigação particular paralela,não para forjar um laudo,mas para garantir a fidelidade das informações nesse caso que é muito grave, e também envolve poder político e financeiro.

Na minha opinião, é quase impossível que o acidente tenha ocorrido por outra causa, não estava chovendO no momento da tragédia, e os dias anteriores também não apresentaram chuvas fortes ou duradouras ao ponto de encharcar o barranco e provocar um deslizamento deste nível.

Não há dinheiro que pague a dor das famílias e a vida curta dessas meninas, mas se a culpa realmente for da Cesama e da PJF, que esses orgãos reconheçam o erro e indenizem os familiares imediatamente, ao invés de ficarem relutando na Justiça com recursos intermináveis.

Me revolto com mortes que poderiam ter sido evitadas.

Fico imaginando aqui a dor desse bombeiro ao ter que participar do resgate da própria prima, isso é mesmo muito duro!