Por Michele Pacheco
Sabe quando você está tão concentrada no sono que houve o celular tocar e acha que é parte do sonho?
Foi o que aconteceu comigo hoje, por volta de 3 da manhã.
Ouvi o telefone, mas até cair a ficha e ir até ele, já tinha desligado.
Era uma fonte para passar informações sobre um incêndio.
Como a gente acordou, o Robson acabou sentindo um cheiro de queimado no ar, ligamos para os bombeiros e fomos à ativa.
O endereço é velho conhecido dos bombeiros: Avenida Getúlio Vargas.
O fogo se espalhou pelos quatro andares do prédio comercial.
As equipes de combate a incêndio usaram uma escada magiros e se desdobraram com mangueiras pelos imóveis vizinhos para ter acesso aos focos.
O problema é que nesse tipo de construção mais antiga, não há uma área de separação entre os edifícios e é muito difícil ter acesso à parte dos fundos.
Olhando a fachada, a gente achava que a situação estava sob controle.
Mas, bastou quebrarem uma janela para liberar a fumaça do terceiro andar e vimos que ainda havia chamas altas.
Fomos convidados por uma moradora do prédio que fica bem em frente e notamos do alto como era complicada a situação dos bombeiros.
Pela claridade, dava para notar que o fogo estava se espalhando até os fundos do prédio e se aproximando de uma construção vizinha.
Eles quebraram portas e arrancaram telhas para se posicionar no telhado com as mangueiras e empurrar as labaredas de volta para a área em que as outras frentes trabalhavam.
Como todos os prédios naquela área são comerciais, o material inflamável alimentava o fogo.
Uma loja de brinquedos e utilidades na calçada teve todo o estoque destruído.
Os bombeiros arrombaram a porta e tiraram tudo o que estava queimado, para evitar que fagulhas ainda acesas recomeçassem os focos.
Foi triste ver tanto brinquedo virar cinzas.
Até às 8 da manhã, foram usados cerca de 150 mil litros de água no combate ao incêndio.
Além dos oito carros dos bombeiros, havia apoio de um caminhão tanque da prefeitura.
O trabalho no feriado mobilizou 16 militares do 4o Batalhão de Bombeiros Militar.
É digno de admiração o trabalho deles.
Mesmo com as dificuldades da arquitetura da avenida, não descansaram enquanto havia chances do fogo recomeçar.
Nas imagens cedidas pelo funcionário público, Eduardo Pascoalini, a gente notou que havia fogo alto apenas na cobertura do prédio, sem indícios de chamas nos outros andares.
Aos poucos, a claridade se espalhou por todos os cômodos.
Segundo o tenente Moisés, dos bombeiros, a suspeita é de que a causa do incêndio seja algum problema na rede elétrica.
Essa suspeita é reforçada quando a gente revê as imagens da loja de brinquedos, com tudo queimado.
Segundo os bombeiros, na loja vizinha, a Casa das Bolsas, o estrago foi só no estoque que estava no terceiro andar.
O detalhe curioso é que esta loja estava fechada para reformas a cerca de dois meses, depois que um incêndio destruiu tudo.
Quando disse lá no início do texto que o endereço é velho conhecido dos bombeiros, eu me referia a esse incêndio recente na Casa das Bolsas e à tragédia de outubro do ano passado.
O fogo começou numa loja de materiais para festa e se espalhou por sete edificações vizinhas.
Uma delas era um prédio onde funcionava uma loja de borrachas.
O estoque inflamável queimou por mais de uma semana, exigindo atenção constante dos bombeiros, que se revezaram resfriando o local até que todos os focos acabassem.
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