Por Robson Rocha
Quem já teve algum parente ou já ficou internado em um hospital sabe como é difícil.
As horas não passam e o clima é pesado. Mas um grupo de pessoas tenta mudar essa realidade, eles são os “Médicos do Barulho”.
Gravei com eles pela primeira vez em 1996 e achei o trabalho espetacular! A gente via no rosto da criançada sorrisos e ouvia um som estranho ao ambiente hospitalar: as gargalhadas. E tudo isso parecia multiplicado nos rostos de pais e mães, transformado em felicidade.
Os Médicos do Barulho são especiais. Quem já viu a paciência que eles têm com as crianças e o tato pra lidar com situações em que elas estão em um estado grave, é de tirar o chapéu.
Não sei se eles são realmente artistas. Às vezes acho que são realmente médicos e que devolvem uma coisa fundamental, a vontade de sorrir. Mas, quem sabe eles não são médicos, e sim anjos. Anjos mensageiros da felicidade.
Você pode dizer: como você é puxa-saco!
Mas, de coração, tenho um respeito e uma admiração sem tamanho pelo trabalho feito por eles. Digo isso pois senti na pele a diferença que essa trupe faz.
Meu pai estava internado com câncer no cérebro, com mais cinco meses de vida. Eu passava todas as noites no hospital, eram doze horas de um inferno psicológico sem tamanho e um dia eles apareceram lá e fizeram meu pai sorrir. Notei como aquela noite foi diferente para cada paciente e principalmente para meu pai. Não dá para explicar a felicidade que eu senti vendo meu pai feliz.
Depois disso se eu achava legal gravar matérias com eles, hoje, não me importa quanto tempo vai durar a gravação, eu vou com tesão! E não consigo não me emocionar, ou não ficar com aquele nó na garganta, pois a cada sorriso de alguém que está internado, me lembro do sorriso de meu pai.
Nessa quarta-feira Michele e eu gravamos com esses palhaços na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. Não dá para descrever o que aconteceu. Para simplificar, parecia uma festa para aquelas crianças. De longe dava para ouvir as gargalhadas e foram juntando mais crianças e os pais. Não parecia um hospital e parecia que aquelas crianças não tinham motivo para estar internadas. As ataduras, faixas, soro, nada disso parecia fazer sentido. Os médicos de cara pintada curaram cada uma, mesmo que momentaneamente.
Olhando o Dr Fuzil fazendo suas palhaçadas, me lembrei de quando ele se vestiu de Amauri Mendes e recebeu um prêmio representando todos os “doutores”. Ele se emocionou e chorou sozinho no cantinho do palco do teatro Central.
No dia, olhei pra ele e pensei: chorando por que, o palhaço? Não sei quantas pessoas em hospitais vocês já fizeram sorrir. Só sei que uma fui eu e só pelo pouquinho que vi, vocês merecem muito mais.
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