Por Michele Pacheco
O jornalismo é uma profissão muitas vezes ingrata. O repórter de texto leva a fama quase sempre, mas quem carrega o lado mais pesado do piano é o repórter cinematográfico. O Robson é um ótimo exemplo! Ele escreve melhor do que muitos jornalistas que conheço e vive dando palpite nos textos. Algumas vezes, a gente rosna um para o outro até chegar a um acordo. E, quase sempre, ele é que está certo. Até porque, além da diferença de tamanho, o rosnado dele é mais forte!
Hoje, estávamos começando a fazer a nossa terceira pauta da manhã, quando fomos mandados para o bairro Santa Tereza, na zona sul de Juiz de Fora. A informação era de que um muro tinha desabado. No local, levamos o maior susto. Na rua que fica acima do barranco, onze casas estavam interditadas. Os moradores tiraram tudo o que foi possível e contaram com a solidariedade dos vizinhos para guardar móveis e eletrodomésticos.
Num sol escaldante, o Robson teve que parar o carro longe, pois a rua estava interrompida. Com a câmera no ombro, ele agilizou o serviço, correndo contra o tempo para levar o material ainda para o jornal. Entrou nas casas ameaçadas, seguiu os técnicos da Defesa Civil, filmou o barranco de cima, registrou o trabalho das equipes da prefeitura que vistoriavam as redes de água e esgoto à procura de vazamentos... Quando nos demos conta de que não dava para chegar na TV a tempo do jornal, paramos de correr e investimos num material mais completo para o jornal da noite.
Quando chegamos na rua de baixo, as imagens eram muito mais fortes. Uma casa teve o muro arrancado e ficou sem acesso. Outra, foi empurrada pelo deslocamento do barranco e a calçada parecia ter sido levantada e ter "andado" alguns centímetros! Mais nove moradias foram interditadas. Os moradores contaram que as rachaduras nas casas das duas ruas começaram depois dos temporais do fim de semana. O Robson achou tão forte a imagem, que me fez regravar a passagem. Ele reclamou que eu não tinha valorizado o suficiente o que estava vendo. Como já sei que meu querido repórter cinematográfico está certo em 90% dos casos, nem perdi tempo discutindo. Vesti de novo o blazer, que colou mais uma vez, já que eu estava me derretendo, e fui para a área interditada. Improvisei logo uma passagem com movimento, mostrando os escombros do muro, a calçada levantada e os caminhões de mudança. Aí, ele ficou satisfeito!
Quem acha que vida de repórter é fácil, deveria acompanhar as equipes num dia como hoje. Chegamos ao local por volta de quinze para o meio-dia, ficamos no sol quente junto com o Antônio Cerezo, do jornal Tribuna de Minas, até umas três da tarde, sem almoço e dependendo da gentileza do pessoal da Defesa Civil para nos servir água, já que não havia um bar sequer aberto por lá.
O prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani, e o Promotor de Urbanismo, Júlio César da Silva, estiveram no local avaliando a situação e conversando com os moradores. Eles confirmaram que a causa do deslizamento ainda não tinha sido descoberta e pediram aos moradores que evitassem ficar nas casas que podem desabar a qualquer momento. O prefeito avisou que um geólogo de São Paulo está a caminho da cidade para avaliar o que pode ser feito no bairro Santa Tereza. A possibilidade de demolir as casas rachadas foi levantada, mas isso só vai ser confirmado depois da avaliação técnica do geólogo. Por enquanto, o que se sabe é que a água infiltrou pelo barranco e causou um deslocamento. Agora, como a enxurrada conseguiu se infiltrar dessa forma...
É em matérias como essa que sinto o maior orgulho do Robson. Ele não se contenta em ser um apertador de botões e fazer o que mandam. Ele está sempre ligado no que as pessoas estão falando e atento a todas as imagens importantes; sempre bem posicionado, mas sem prejudicar o trabalho dos bombeiros e da Defesa Civil. E ainda encontra tempo para contar piada, conversar com os moradores e dar palpites no meu texto. Por essas e outras, que digo que ele faz jus ao enorme título de REPÓRTER CINEMATOGRÁFICO!
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