Por Michele Pacheco
A lei foi criada para tentar diminuir os ataques de pitbulls que apavoram a população. Todos os donos de cães dessa raça têm que cadastrar os animais.
Em Juiz de Fora, o Corpo de Bombeiros já registrou 442 pitbulls desde setembro do ano passado, quando a lei entrou em vigor.
O problema é que a estimativa é de que na cidade existam 6 mil cães dessa raça.
Numa reportagem que fizemos sobre o assunto, o Capitão Marcos Santiago explicou que o trabalho que está sendo feito é um pré-cadastro e que algumas pessoas entenderam a importância da posse consciente, em que o dono cuida não apenas do bem-estar do cão, mas também da segurança de quem está em volta.
O problema é que muita gente se assustou com o rigor da lei e com as responsabilidades que os donos de cães agressivos passam a ter. Em vez de se organizarem para atender às exigências, estão se livrando dos animais. Resultado: trabalho dobrado para os bombeiros. Eles já se desdobram para atender com rapidez e eficiência a todas as chamadas que recebem. Agora, têm passado um bom tempo indo atrás de cães soltos nas ruas.
Oficialmente, eles só podem recolher aqueles animais que estiverem colocando em risco a comunidade. Mas, na prática não tem funcionado assim. Acompanhamos um atendimento na zona sul de Juiz de Fora em que uma moradora reclamou que um cachorro bravo estava impedindo os moradores de entrar em casa. No local, o "monstro" era um vira-latas de porte médio, com o rabo entre as pernas e tremendo de medo. De violento, ele não tinha nada. Mesmo assim, os bombeiros tiveram que fazer a apreensão e levar o animal para o canil municipal.
Lá, outra dificuldade. Com o aumento do número de apreensões de pitbulls nas ruas de Juiz de Fora, o número de canis se tornou insuficiente. Hoje, no espaço destinado a 320 cães, estão 480. Segundo a veterinária, Liza Helena Ramos Nery, muitos pitbulls chegam lá agressivos e não podem conviver com os outros. Assim, um animal acaba ocupando o lugar de outros dez.
Eu adoro cães e fico triste quando vejo tantos abandonados. Eu sempre me pergunto como alguém pode ter coragem de criar o bichinho desde pequeno, sempre por perto, e depois soltá-lo na rua, como se fosse um pedaço de papel velho que não serve mais. Basta olhar para as carinhas tristes e carentes da maioria dos cães do canil municipal para entender que eles sentem falta de contato humano.
Cão de rua está acostumado a se virar, não sente apego a nada e luta para sobreviver. Mas, os animais domésticos criam um vínculo eterno com os donos e nunca esquecem. Depois de apreendidos, eles ficam no canil municipal, sendo bem tratados, na medida do possível, e à espera de um dono. A adoção é uma proposta muito legal. Dói o coração ver aqueles bichinhos disputando espaço na grade, abanando os rabos, para receber um carinho.
As sociedades de proteção aos animais fazem o que podem para ajudar os cães rejeitados. Mas, com o aumento no número de abandonos, está difícil para eles darem conta do recado. Basta andar pelas ruas da cidade para muitos cães na área central e nos bairros. A prefeitura faz a captura, mas a demanda não pára de crescer. Por que as pessoas não pensam no futuro antes de comprar um cão?
No início, tudo é lindo! Mas, o filhotinho cresce e passa a dar mais trabalho. Isso é previsível. Qualquer loja de animais e qualquer veterinário pode orientar a compra, explicando o tamanho a que o animal pode chegar, a quantidade de alimento que ele vai consumir, a índole da raça... Algumas perguntas simples podem evitar transtornos para os donos no futuro e sofrimento para os animais.
Informações: (32) 3690-3591 (Liza Nery) ou canil@demlurb.pjf.mg.gov.br
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