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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

terça-feira, 11 de março de 2008

Risco de desabamentos em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Quem chega ao bairro Santa Tereza, zona sul de Juiz de Fora, encontra os moradores sentados em bancos, ou mesmo na calçada, olhando desolados para as casas que foram interditadas pela Defesa Civil e podem desmoronar a qualquer momento. Os engenheiros fazem plantão direto no local, avaliando os riscos e garantindo que os moradores não entrem nos imóveis interditados. O motivo que levou o barranco a ceder, ameaçando as casas da rua de cima da encosta e empurrando as construções da rua de baixo, está sendo apurado. Ontem, equipes da Cesama, empresa responsável pelas redes de água e esgoto da cidade, fizeram vários buracos, procurando vazamentos nas manilhas. Mas, nenhum indício foi encontrado.

O mistério começa a ser desvendado. Dois geólogos vieram de São Paulo para investigar as causas do movimento de terra no barranco. Há rachaduras por toda parte e a encosta ameaça desabar. Os geólogos pesquisaram os mapas geomorfológicos da cidade e foram ao local. Eles entraram nas casas interditadas e conversaram com os moradores.
Segundo o Sub-secretário de Defesa Civil, Sérgio Rocha, a análise vai ser lenta e o laudo deve sair em trinta dias. A prefeitura de Juiz de Fora deve decretar situação de risco, o que significa que os moradores ficam impedidos de ter acesso aos imóveis em qualquer hora do dia, por uma questão de segurança. Quem desrespeitar a ordem pode ser preso.

Na parte de baixo do barranco, a calçada que estava levantando subiu mais um centímetro e meio de ontem para hoje. A sensação que dá é de que ela foi empurrada para a frente. Várias casas atingidas ficaram "empenadas". As portas das garagens não abrem. Os pisos e as paredes estão com rachaduras. Até as fachadas de alguns imóveis apresentam fendas.

Esta marca branca na escada é feita de gesso e serve para avaliar se as rachaduras estão aumento. Praticamente todas as que foram colocadas apresentaram alargamento. Isso indica que o movimento de terra continua, mesmo que de forma mais lenta do que no fim de semana. Também há água minando em vários trechos da rua de baixo.

Os engenheiros da Defesa Civil ficaram surpresos ao vistoriar uma casa em construção que fica fora da área interditada. O dono fez um corte reto no barranco dos fundos, o que é irregular. No paredão formado pela terra cortada, há uma rachadura grande. O imóvel também foi incluído na zona de isolamento.

Conversamos com os moradores e a maioria não sabe o que vai fazer, já que os imóveis são deles, e não alugados. O Mauro Carneiro é pintor e contou que estava na oficina com a cadela de estimação quando ouviu uns estalos e viu as rachaduras se espalhando pelas paredes. Ele correu e, desde então, não pôde mais voltar ao local. Hoje, enquanto nos preparávamos para gravar entrevista, ele nos levou até a porta da oficina para mostrar onde estava no momento dos estalos. Levamos um susto, quando parte do reboco das paredes caiu, fazendo estrondo. Numa hora dessas, qualquer estalinho é suficiente para causar pânico nos moradores. Eles avisam que vão continuar a vigília até que se decida se as casas vão ser condenadas ou liberadas.

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