Por Michele Pacheco
Desde que a Polícia Federal prendeu o prefeito de Juiz de Fora, estamos tentando contato com o dono da pistola apreendida, que teria dado a arma de presente a Alberto Bejani. Depois de perturbar várias fontes, enfim, conseguimos. O ex-policial civil Mauro Fusco, hoje empresário da área de fliperamas, concordou em gravar uma entrevista exclusiva.
Ele disse que só foi intimado a depor uma semana depois da Operação Pasárgada. No depoimento, contou que foi policial civil de 1986 a 2002, quando ocupou o cargo de inspetor. Em 1997, trabalhando em Machado, no Sul de Minas, foi presenteado por um empresário amigo dele com a pistola CZ número 90025, calibre 380. Fusco contou ainda que a arma foi comprada numa loja de pesca em Belo Horizonte e já saiu de lá registrada no nome dele.
O empresário disse na entrevista que a Polícia Federal chegou a suspeitar que o registro fosse falso, mas ele esclareceu que o documento é verdadeiro. Segundo Mauro Fusco, a arma foi dada de presente ao prefeito Alberto Bejani entre os anos de 2000 e 2001. Depois disso, o ex-policial civil diz não ter tornado a ver a pistola e ter achado que ela já tinha sido transferida para o nome do amigo.
Quanto ao calibre da arma, Fusco afirma ser 380. A foto ao lado mostra uma pistola que, segundo ele, é semelhante à que foi apreendida. O empresário explica que a anotação .9 que aparece no cano é porque e vários países a arma é considerada de calibre 9mm, mas no Brasil ela é considerada calibre 380, ou 9mm cano curto. Ele reforça que, apesar do calibre 9mm ser considerado de uso restrito às forças de segurança, a pistola de cano curto ficaria de fora da lista, pois usa munição mais curto, com menor alcance e quantidade de pólvora inferior às munições 9mm mais longas.
Bem, ficamos contentes com a entrevista exclusiva, agradecemos a confiança das pessoas que mediaram o nosso contato e vamos aguardar o desenrolar do caso.
O prefeito Alberto Bejani foi solto nessa tarde.
A Terceira Câmara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais concedeu habeas corpus em favor do prefeito. De acordo com informações do Tribunal, os desembargadores consideraram a prisão ilegal, uma vez que uma medida provisória prorrogou o prazo para regularização de armas até o dia 31 de dezembro de 2008.
A liberação foi aprovada por unanimidade. Agora, a defesa do prefeito de Juiz de Fora quer provar que a prisão viola os artigos 12 e 16 do Estatuto do Desarmamento, que tratam do porte de armas e não da posse. Concederam o habeas corpus o relator do processo, desembargador Sérgio Resende, e os desembargadores Antônio Cruvinel, Paulo César Dias, Antônio Armando dos Anjos e José Antonino Baía Borges.
Em relação à arma, se ficar confirmado que ela não é de uso exclusivo das forças armadas, as autoridades vão ter muito o que explicar. Afinal, todos os outros presos na Operação Pasárgada foram soltos poucos dias depois da prisão. Menos Bejani. Um dos motivos seria o porte ilegal de arma de uso restrito. A Polícia Federal disse que o caso corre em segredo de justiça e que ninguém está autorizado a falar sobre o assunto até que saia o laudo da perícia que está sendo feita na pistola e nas munições. Os policiais reforçam que a arma consta como 9mm, o que a torna de uso exclusivo das forças de segurança, já que no país a lei determina apenas que o calibre é de uso restrito, sem abrir excessões.
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