Por Michele Pacheco
Hoje é uma data especial no Brasil. O Dia Nacional de Luta Antimanicomial aborda um tema polêmico. Muitas pessoas são contrárias à desospitalização de pacientes psiquiátricos, alegando que eles sobrecarregam os familiares e não têm o mesmo tratamento em casa.
De outro lado, existem aqueles que defendem os direitos humanos e lutam pela qualidade de vida de quem tem problemas mentais. Estivemos no mês passado em Barbacena, durante o Festival da Loucura, e fomos até o Hospital Psiquiátrico da Fhemig, que funciona nos fundos do Museu da Loucura.
Lá, estão muitas histórias de sobreviventes. Pessoas inocentes, sem noção do que fizeram para merecer toda a crueldade com que foram tratados no passado, nos porões da loucura.
As fotos do museu são uma mostra pequena dos horrores que aconteciam nos galpões do Hospital Colônia.
Hoje, a situação é outra. Os internos que sobreviveram vivem em casas com toda infraestrutura e apoio de uma equipe multi-disciplinar com psiquiátras, assistentes sociais, fisioterapeutas, enfermeiros e muitos outros profissionais.
Para comemorar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, o Centro de Referência em Saúde Mental da Secretaria de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental de Juiz de Fora promoveu uma exposição em frente ao Cine Teatro Central, no coração da cidade. Nas barracas, foram expostos quadros, esculturas roupas e outros produtos feitos pelos freqüentadores dos CAPs, Centros de Atenção Psicossocial, e pelo Centro de Convivência Recriar. Esses projetos têm o objetivo da inclusão social. Lá, as pessoas com problemas psicológicos ou psiquiátricos encontram espaço para música, artesanato, aulas de informática e muitas outras atividades.
O resultado foi conferido pela população nos estandes montados no centro de Juiz de Fora. Além da exposição, o público conferiu apresentações musicais. Nós acompanhamos o grupo musical Recriarte. Ele tem 20 integrantes e um repertório de música popular brasileira. Todo mundo que acompanha o trabalho se surpreende com a disposição do pessoal para aprender.
A Vera Arantes Valle de Moura estava na primeira fila, vendo satisfeita a filha Paula cantar e tocar instrumentos musicais.
A Vera nos contou que o trabalho de inclusão social é muito importante e se reflete até no comportamento dos participantes e na convivência deles em sociedade e em família.
Como ela, outros pais mostravam orgulho do esforço dos filhos no palco.
A música animou outros integrantes do projeto que, apesar de não terem subido ao palco, deram um show à parte.
Eles se uniram aos voluntários com os quais trabalham e entraram na dança. Um exemplo de que todos eles são capazes de se divertir sem problemas, desde que tenham o apoio necessário.
Enquanto registrávamos a apresentação, encontramos duas estudantes da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora. É muito bom o contato com quem está começando na profissão. As dúvidas, as incertezas, o modo de encarar o jornalismo são detalhes que eu e o Robson sempre observamos nos nossos encontros com estudantes de comunicação. As meninas se esforçaram para fazer o melhor e, apesar de alguns contra-tempos, se saíram muito bem.
Vendo o Antônio Olavo Cerezo, do jornal Tribuna de Minas, empoleirado num canteiro da rua Halfeld para fazer uma foto, eu me lembrei daquele ditado que diz que "de médico e louco, todo mundo tem um pouco".
A gente faz tantas loucuras para garantir os melhores ângulos, a informação completa, que nem pára para imaginar o que os outros vão pensar.
A imagem diz tudo: apesar da idade, o Cerezo ainda é tão doido pela profissão, que nem se importa de pagar uns micos de vez em quando!
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