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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Estádio Municipal de Juiz de Fora - 20 anos

Por Michele Pacheco

Hoje, o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio completa 20 anos. Ele começou a ser construído em 1986, no governo do prefeito Tarcísio Delgado.
Muitas reclamações eram feitas no meio esportivo por falta de um estádio de qualidade e com capacidade para muitos torcedores em Juiz de Fora.
Depois de muita discussão, um grupo de pessoas ligadas ao esporte começou a procurar o local ideal para a obra.

Primeiro, a proposta era construir na área da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Mas, os integrantes da comissão contam que o reitor da época não concordou. Então, foi escolhido um terreno próximo, num anfiteatro natural formado numa encosta.
A foto ao lado é do acervo da Tribuna de Minas e mostra a placa com informações da obra, inclusive o custo, ainda em cruzados.

A inauguração do tão sonhado estádio foi no dia 30 de outubro de 1988. As arquibancadas estavam lotadas por 60 mil torcedores ansiosos para ver as duas partidas.
O clássico juizforano Tupi x Sport foi o primeiro jogo. O Sport foi a campo com a equipe que tinha disputado, no primeiro semestre, a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro.
O Tupi jogou com a equipe reserva, já que o time titular enfrentava a Cabofriense, em Cabo Frio-RJ, pela Série C do Campeonato Brasileiro.

Apesar de favorito, o Tupi perdeu de 2 a 0 para o Sport, com gols de Ronaldo e Mamão.
A segunda partida foi o amistoso entre Flamengo e Argentino Jrs. A multidão esperava ansiosa para ver o ídolo rubro-negro, Zico, mas ele não jogou.
Quem surpreendeu foi o jovem Bebeto, no início da carreira, ao marcar os dois gols da vitória flamenguista sobre os argentinos. Era só o início de uma longa história de amor entre o clube carioca e o Estádio Municipal, que na época ainda era chamado de Regional.

As recordações dessa época são guardadas com carinho por profissionais ligados ao esporte de Juiz de Fora.
Esta foto foi ampliada e virou quadro a pedido do prefeito José Eduardo Araújo.
Ela faz parte de uma coleção que vai ser colocada numa galeria de fotos dentro do Estádio Municipal.
A idéia é imortalizar os momentos da história do esporte no município.

Para registrar o aniversário de 20 anos do estádio, nossa pauta era ouvir personalidades ligadas ao esporte e relatar as recordações mais marcantes de cada uma. Foi uma lição de história inesquecível. Afinal, não é todo dia que a gente tem chance de reunir o prefeito José Eduardo Araújo, radialista respeitado na cidade, Geraldo Magela Tavares, um ícone do esporte no município, e os jornalistas Fernando Luiz, Ricardo Wagner e Ivan Elias. Nosso encontro foi no gramado do estádio e as histórias foram surgindo naturalmente, como numa viagem ao passado.

O Magela lembrou momentos difíceis para o futebol local com a falta de um estádio grande o bastante para o público que queria acompanhar os jogos.
Ele contou que partidas decisivas eram disputadas nos campos dos times da cidade, mas metade do público tinha que ficar de fora, por falta de espaço.
Isso gerou inúmeras cobranças. Até que o projeto do estádio foi desenvolvido e o sonho se realizou. Magela foi o primeiro técnico vencedor do Municipal. Ele era treinador do Sport no jogo de inauguração.

Ele e o José Eduardo lembraram detalhes interessantes dessa época. Dos bastidores das negociações, dos imprevistos, da escolha do terreno e da construção.
Amigos de longa data, eles já trabalharam juntos como comentaristas e contam que sempre tiveram idéias parecidas.
Eles ressaltam que o estádio foi um marco para o esporte não só de Juiz de Fora, mas de toda a região.
Prova disso é que grandes clubes do Brasil já jogaram em Juiz de Fora.

Nossos convidados comentaram que muitos craques do futebol brasileiro passaram pelo gramado do Estádio Municipal. Em dezembro de 1989, o Zico escolheu o Fla x Flu em Juiz de Fora para se despedir da camisa rubro-negra e do futebol brasileiro.
Este jogo foi considerado o maior momento do estádio.
O craque fez bonito em campo, marcando o primeiro gol da vitória de 5 a 0 do Flamengo. Os outros gols foram de Renato Gaúcho, Zinho, Uidemar e Bujica.

Em 1996, o estádio ganhou o nome do radialista Mário Helênio. Homenagem merecida a quem sempre se dedicou a divulgar e enaltecer o esporte na cidade e na região.
A foto do radialista vai ter lugar de destaque na galeria do Municipal. Mário Helênio começou a carreira de jornalista aos 14 anos, escrevendo para o Diário da Tarde e participando das transmissões esportivos da PRB3 - Rádio Sociedade de Juiz de Fora, que pertencia aos Diários Associados, grupo do qual faz parte a TV Alterosa.
Torcedor do Flamengo e Tupinambás, ele comandou o programa Giro da Bola, na Rádio Solar até 26 de novembro de 1995, morrendo um mês depois.

Entrevistamos também o Moacir Toledo. Hoje, ele ajuda na administração do Estádio Municipal.
No passado, foi jogador e treinador do Tupi. Guarda na memória momentos inesquecíveis, jogos disputados, rivalidades transformadas em gols. Sempre foi considerado um jogador habilidoso, apesar do gênio exaltado que rendeu muitas expulsões. O Fernando Luiz não perde uma chance de provocar o amigo, lembrando as situções em que perdeu a cabeça e deixou o torcedor desesperado.
Agora, o Toledo acompanha a terceira geração da família dele jogar no Municipal. Depois do filho, agora ele torce pelo neto Rafael Toledo, autor dos dois gols do último jogo do Tupi pela Taça Minas Gerais.

Outro personagem que usamos na nossa reportagem foi o
Pedrinho.
Pedro Paulo Barra é o funcionário mais antigo do Estádio Municipal. Ele foi contratado logo depois da inauguração.
Chegar ao estádio e não encontrar o Pedrinho cuidando dos portões, andando de um lado para o outro e resolvendo problemas é motivo de preocupação para esportistas e jornalistas. Para nós, ele é parte essencial de tudo aquilo. O funcionário público conta que o estádio é como a casa dele.

Em breve, os torcedores podem ver outro sonho realizado. Este
desenho ao lado faz parte de um dos muitos projetos apresentados à prefeitura para cobertura das arquibancadas. Hoje, em dia de chuva a torcida não tem como se proteger, o que acaba afastando muitos torcedores.
O prefeito José Eduardo Araújo já anunciou algumas melhorias. Ele conseguiu junto ao governo de Minas Gerais um placar eletrônico para substituir o atual. E já estuda propostas de cobertura.

Para nós, jornalistas, que estamos sempre trabalhando no Estádio Municipal, é uma honra acompanhar toda essa história.
A sensação de euforia diante de uma vitória do Tupi em casa.
A adrenalina das grandes partidas pelas competições nacionais.
A emoção de ver o estádio cheio e o público feliz com o desempenho do time.

Tudo isso é que faz o futebol cada vez mais uma paixão dos brasileiros. Está no nosso sangue.
Parabéns ao Municipal e que daqui a 20 anos a imprensa tenha muito mais relatos emocionados para mostrar.

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