Por Michele Pacheco
Medo, porque a chuva pode trazer mais prejuízos e pânico ao bairro Santa Teresa, região sudeste de Juiz de Fora.
Revolta, porque desde que uma encosta começou a deslizar em março deste ano e 14 moradias foram condenadas e demolidas, a única coisa que foi feita para garantir a segurança dos moradores foi a colocação de uma lona no barranco.
As negociações entre os donos das casas demolidas e a prefeitura está complicada.
Rachaduras foram surgindo nas casas e nas ruas José Ladeira (base da encosta) e Edgar Carlos Pereira (parte de cima).
Dia após dia, imprensa, autoridades e moradores acompanharam a natureza reagindo contra a ação do homem.
Há muitos anos o local é considerado instável e por várias vezes algumas construções foram embargadas.
Mesmo assim, havia inúmeras moradias lá.
Famílias inteiras deixaram o local às pressas, levando o que foi possível salvar da destruição.
Dia e noite, moradores se revezaram num plantão sofrido, olhando o que restava das casas e rezando para que alguém encontrasse uma solução.
O ex-prefeito, Alberto Bejani, esteve no local.
Ele conversou com os engenheiros da Defesa Civil e determinou que as casas fossem demolidas, antes que desabassem e causassem mais estragos, soterrando outras moradias na rua José Ladeira, parte de baixo do barranco.
Diante da imprensa e das famílias prejudicadas, ele prometeu indenização a todos que tivessem imóveis condenados e demolidos.
Os moradores ficaram aliviados.
Só não imaginavam que aquela promessa não seria cumprida.
Depois de ser preso duas vezes pela Polícia Federal, nas operações "Pasárgada" e "De volta para Pasárgada", Bejani renunciou ao cargo de prefeito.
O vice, José Eduardo Araújo, assumiu e se recusou a pagar a indenização prometida.
Ele se baseia nas leis municipais e lembra que o município só poderia arcar com uma despesa desse porte se houvesse um laudo e provas de que as rachaduras e o deslizamento do barranco foram de responsabilidade da prefeitura ou de algum funcionário municipal.
Como isso não existe, o prefeito se recusa a usar os recursos escassos que restaram a Juiz de Fora para indenizar as famílias.
Nesse impasse, a Associação dos Moradores prejudicados pela demolição das casas cobrou providências do Ministério Público.
A Promotoria de Meio Ambiente e Urbanismo está acompanhando o caso.
Na última sexta-feira, o promotor esteve presente a um protesto organizado pelos moradores.
Eles fecharam um trecho da rua José Ladeira e usaram cartazes para cobrar soluções para o problema que já dura 9 meses.
Adultos e crianças se mobilizaram.
As famílias que perderam as casas e as que continuam morando no Bairro Santa Tereza reclamam que a chuva tem arrastado muita lama da encosta.
A rua José Ladeira está coberta de barro.
E o período chuvoso só está começando.
As bocas de lobo e os bueiros estão entupindo e o medo de outra tragédia é grande.
O Antônio Olavo Cerezo mostrou que ainda está em forma.
Ele se contorce, abaixa, levanta, vira para um lado, para o outro, e só sossega quando consegue o melhor ângulo dos fatos.
É divertido ver nosso amigo trabalhando.
Claro que ninguém perde uma boa chance de implicar com ele.
Depois da manifestação, os moradores saíram em passeata pelo bairro.
Tudo para tentar mais uma vez convencer o prefeito a negociar as indenizações e a providenciar medidas de emergência para o local.
Tomara que, nesse momento tão complicado que Juiz de Fora vive, seja possível encontrar uma solução que ajude a todos os lados.
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