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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Assembléia acaba em tumulto em Juiz de Fora

Por Robson Rocha

Hoje tinha tudo para ser um dia tranqüilo de trabalho.
Poucas pautas e assuntos leves.
Mas, por volta de 3 da tarde ficamos sabendo de um tumulto na rua Batista de Oliveira, quase esquina com a avenida Getúlio Vargas, no centro de Juiz de Fora.
Seguimos direto para o local.

Chegando, várias viaturas da PM já estavam no local e muita gente na rua.
As pessoas no local gritavam palavras de ordem.
Enquanto a Michele apurava as informações para entender o motivo da manifestação, eu aproveitei para registrar as imagens da confusão.

A história era que uma notícia no Diário Oficial da União convocava servidores públicos do estado de Minas para participar de uma Assembléia Geral Extraordinária pela FESERP-MINAS - Comissão pró-fundação da federação única, democrática dos sindicatos de servidores, funcionários públicos das câmaras de vereadores, fundações, empresas publicas, autarquias e prefeituras municipais de Minas Gerais.

Os contrários à FESERP ficaram de fora da votação e se revoltaram.
A policia ficou na porta para evitar confrontos.
Gravamos entrevistas com os sindicalistas e eles explicaram o motivo do protesto.
Queriam participar da votação, para reforçar a opinião contrária a uma nova federação de servidores públicos em Minas, já que a atual Federação não foi desfeita e seria ilegal ter duas.

Gravamos com manifestantes que contaram ter vindo de 200 cidades de várias partes do estado e tivemos que esperar a votação acabar para que subíssemos.
Não tenho opinião formada sobre a polêmica.
Mas, não estava entendendo a falta de transparência da coisa.
A imprensa não poder mostrar uma votação que seria democrática?

Autorizaram nossa subida e a Michele foi na frente enquanto eu gravava algumas imagens do trânsito confuso e os policiais tentando organizar a coisa.
Logo, fui subir até onde estavam os representantes do sindicato dos servidores públicos de Juiz de Fora, que encabeçavam o grupo favorável ao FESERP.

Pra minha surpresa, o espírito democrático com que foram tratados os contrários foi o mesmo com que fomos tratados.
Fui barrado, não muito educadamente, pelos seguranças.
Eles me disseram que eu não poderia passar dali.
O que será que eles escondiam de tão importante lá dentro, eu não sei.

O engraçado é que durante manifestações contra o poder público municipal, o mesmo sindicato adora reclamar do tratamento dado a eles pela policia, pelos seguranças da prefeitura...
Mas, quando eles estão do outro lado, agem de forma idêntica a que eles denunciam.
E logo com a imprensa, que é quem dá voz aos protestos durante as greves.

Com certeza, depois do que aconteceu hoje, vou avaliar melhor o que é falta de espírito democrático de quem está no poder.
Os sindicalistas denunciam falta de abertura para negociação, que é um absurdo a prefeitura não deixar a imprensa registrar as reuniões, entre outras coisas durante greves de servidores em Juiz de Fora.
Pois, vi tudo isso acontecer hoje, partindo de quem devia defender a discussão, o debate, a transparência.

Gravamos com o presidente do sindicato em JF e deixei bem claro a minha indignação com a falta de educação e respeito com a imprensa.
E eu, que sempre fui simpático ao trabalho do sindicato em Juiz de Fora, tinha mudado meu conceito com relação ao Sinserpu, Sindicato dos Servidores Públicos.
Hoje, provaram que são, no mínimo, imaturos para lidar com situações adversas.

Durante a entrevista, o presidente do sindicato local, que convocou a assembléia, explicou que a decisão do edital foi tomada por uma necessidade levantada por sindicatos de vários pontos do estado.
A reclamação é de falta de atuação da Fesempre, a atual Federação.
Cosme Nogueira afirmou que a lei permite a criação de uma Federação para atender os servidores municipais.

Por fim, descemos.
Meu bom humor tinha desaparecido.
Estávamos ali trabalhando e não para tomar partido de ninguém.
Mesmo assim, fomos tratados como parte da manifestação.
Em muitos casos, a gente da imprensa já espera esse tipo de reação.
Mas, ali realmente eu não esperava.
Nem as polícias, que as pessoas adoram atirar pedras, nunca impediram o nosso trabalho.
Nem em situações criticas.

Continuando a novela, o pessoal ficou todo acuado dentro do prédio.
Eles pararam na escada e ficaram aguardando o momento em que pudessem sair.
Isso, porque na rua o pessoal continuava gritando palavras de ordem contra a votação.
E a Polícia Militar pediu que eles aguardassem um pouco, porque não dava para garantir a integridade de quem saísse.

Depois de um tempo o presidente do Sinserpu saiu escoltado pela polícia militar e vaiado pela multidão, que o seguiu até um estacionamento próximo, onde a PM fechou a passagem.
Logo depois, ele saiu escondido em um carro.

Os manifestantes fizeram outra assembléia na calçada e fizeram uma votação.
Eles aprovaram por unanimidade a recusa à criação de uma nova Federação.
Depois seguiram para registrar a ata em cartório.
Mais tarde, uma pessoa do sindicato ligou pedindo desculpas pelo ocorrido com nossa equipe.
É uma pena que seguranças despreparados coloquem em dúvida a credibilidade de atos que deveriam ser democráticos.

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