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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Beijo homossexual em cartaz gera polêmica em Muriaé

Ricardo Beghini - Estado de Minas

Publicação: 17/05/2010

A foto de duas mulheres trocando carícias, na ilustração da agenda 2010 do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) é centro de uma polêmica envolvendo professores, alunos e a direção da Faculdade de Minas (Faminas), de Muriaé, na Zona da Mata. A imagem foi recusada como peça de divulgação da 7ª Semana Acadêmica do Serviço Social, que acabou cancelada pela coordenação do curso. O evento deveria ter começado nesta segunda-feira e terminaria na terça.

Pivô do embate, a coordenadora Viviane Souza Pereira, de 33 anos, que sugeriu a utilização da figura, foi demitida na última quarta-feira. Foi dela a iniciativa de cancelar o encontro, que promoveria a discussão sobre o tema 'Fortalecer as lutas sociais para romper com a desigualdade'. Viviane disse que alertou a direção da Faminas que desistiria do evento, caso a imagem fosse omitida. “Expliquei que nosso código de ética se opõe a qualquer tipo de preconceito e é a favor da diversidade”, disse. De acordo com a ex-coordenadora, após a conversa com a direção, a agência de comunicação da faculdade enviou cinco sugestões de cartazes. Todas elas omitem a imagem do beijo homossexual.

A Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso) foi a primeira a se manifestar. “Considerando os princípios afirmados pelo nosso Código de Ética, de empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, e contrários a qualquer tipo de discriminação, em favor da construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero, é que repudiamos tamanho absurdo”, diz o texto de uma nota, emitida pela entidade.

O diretor do Movimento Gay de Minas (MGM), Marco Trajano afirmou que a postura da instituição está na contramão das políticas do governo federal, que tem um plano de combate a homofobia. Ainda de acordo com Trajano, o MGM planeja promover um “beijaço” homossexual nos próximos dias na porta da faculdade. “Viviane perdeu o emprego, mas não a ética.”, diz.

O procurador da Faminas, Eduardo Goulart, disse que a coordenadora foi demitida porque decidiu por livre e espontânea vontade cancelar a semana acadêmica. “Fomos pegos de surpresa. Ela prejudicou toda a estrutura, incluindo alunos, convidados e comunidade”, disse ele, alegando que a instituição, em nenhum momento, se opôs à programação do evento. Goulart negou que haja qualquer discriminação por parte da faculdade em relação à ilustração fornecida pela ex-coordenadora.

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