Por Michele Pacheco
Hoje parecia ser um dia tranqüilo, com pouca coisa acontecendo. Mas, a má notícia veio no meio da manhã. Fomos deslocados para a BR 040, entre Juiz de Fora e Ewbanck da Câmara, onde tinha havido um acidente com morte.
No local, encontramos a Polícia Rodoviária Federal sinalizando a pista e notamos o trânsito sem problemas. Segundo a PRF, a carreta de Ibirité, placa GVQ 0946, tinha sido carregada com sacos de cimento em Barroso.
Duas equipes do 4o Batalhão de Bombeiros, de Juiz de Fora, estavam na estrada. Alguns bombeiros estavam "camuflados" de tanto cimento. Sempre bem-humorados, eles entraram na brincadeira sobre o estrago que um jato de água faria nos uniformes.
Gozações à parte, os bombeiros merecem nossa admiração e nosso reconhecimento.
Eles enfrentam o perigo em diversas situações.
Nesse acidente, por exemplo, tiveram que se meter no meio do cimento para chegar à vítima. Só de andar por onde a carga se espalhou já ia levantando um nuvem de poeira fina.
O tenente Júlio explicou que o grupo chegou ao local e encontrou morto o motorista Jefferson Flávio Valadares dos Reis, de 27 anos, caído fora da cabine, com a cabeça ferida pelas ferragens. A suspeita é de que ele estivesse sem o cinto de segurança.
Sobre a dificuldade de trabalhar em meio ao cimento, o tenente disse que seria muito pior se houvesse alguém vivo e ferido na carreta.
O pó atrapalha a respiração e poderia causar conseqüências graves aos pulmões e aos ferimentos das vítimas.
Três motoristas passavam pelo local na hora do acidente e contaram aos policiais rodoviários federais o que viram. Segundo eles, a carreta ia no sentido Ewbanck da Câmara-Juiz de Fora em alta velocidade e não fez a curva, tombando na pista, sendo arrastada para a margem, derrubando uma árvore e só parando quando ficou presa numa outra árvore maior e mais forte. A violência do impacto foi tão grande, que parte da carga se espalhou por trinta metros depois do ponto onde a carreta parou.
Os policiais rodoviários federais são outros profissionais que merecem respeito. Além de se preocupar com o local do acidente, eles têm que distribuir cones por um bom trecho para alertar os motoristas. Mesmo assim, tem os apressadinhos que não reduzem a velocidade por nada. Estávamos na estrada apurando a notícia, quando uma carreta veio cantando pneus e freando com dificuldade. O motorista fez cara de desentendido e levou a maior bronca do policial. Pior do que aquelas pessoas que não reduzem a velocidade perto de acidentes, só mesmo as que quase páram na pista. Os motoristas curiosos vêm diminuindo, esticando o pescoço, vão parando perto, baixam o vidro para perguntar o que houve e nem lembram que estão numa rodovia, com tráfego intenso, com vários veículos atrás deles. Isso, quando não ficam tão atentos ao fato que esquecem de olhar para onde vão e acabam invadindo a contra-mão, com risco de provocar outro acidente.
Durante a reportagem, ficamos sabendo de um fato curioso.
A perícia da Polícia Civil não é feita mais em casos desse tipo.
A alegação é de "auto-lesão". Seria o fato de que o próprio motorista provocou os ferimentos dele.
Tudo bem. Pode até ser assim. Mas, e se houve algum problema mecânico no veículo?
E se o motorista passou mal?
E se as marcas de freada na pista indicarem que foi fechado por outro veículo?
Enfim, há uma quantidade enorme de situações que precisam ser explicadas sobre o acidente.
A vítima morreu, mas a família fica com o problema nas mãos.
Quem vai se contentar com a informação de que o parente estava acima da velocidade?
Podia até estar, mas por quê?
Imprudência, mal-estar, falha mecânica?
Pode não fazer diferença para a polícia, mas com certeza faz para os familiares e para a empresa onde trabalhava a vítima.
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