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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sábado, 3 de maio de 2008

Enterro de Agostinho Pestana

Por Michele Pacheco

Sábado de plantão. Estávamos de sobreaviso, já que não havia pautas previstas para hoje.
Mas, nossa editora ligou avisando da morte do Agostinho Pestana e pedindo que cobríssemos o velório e o enterro do ex-prefeito de Juiz de Fora. Fomos para o Cemitério Parque da Saudade, onde encontramos familiares, amigos e muitos políticos.
Entre eles, os ex-prefeitos de Juiz de Fora, Tarcísio Delgado e Mello Reis, o ex-presidente da República Itamar Franco, e o vice-prefeito de Juiz de Fora, José Eduardo Araújo.

Agostinho Pestana da Silva Neto nasceu em 1928, se formou em engenharia na mesma turma do ex-presidente Itamar Franco e foi prefeito de Juiz de Fora em 1971-1972.
Na época, a legislação permitia apenas dois anos de mandato.
Itamar era prefeito e lançou a candidatura do amigo, com o slogan "as obras não podem parar".
Agostinho fez uma administração ousada, com muitas obras que foram deixadas de herança para o município.

Enterro é o tipo de reportagem que detestamos fazer. Quando você perde uma pessoa querida, quer sossego para chorar a dor e a saudade. Aí, vem o pessoal da imprensa, com câmeras, microfones, invadindo a capela do velório e causando alvoroço. Honestamente, se fosse um parente meu, eu ficaria irada com a falta de respeito de alguns colegas. Por isso, eu e o Robson temos uma postura nesse tipo de situação que é criticada por algumas pessoas.
Nós não entramos nas áreas de velório, exceto se não houver outra opção.
O Robson faz as imagens da porta ou da janela, de forma a não "agredir" a sensibilidade de quem está no local.

Ocorrem excessões, como no enterro dos presos que morreram queimados na cadeia pública de Ponte Nova.
A multidão era tanta, que não dava para fazer imagens de fora, foi preciso entrar.
Mesmo assim, o Robson entrou, registrou o que precisava e saiu, abrindo espaço para quem estava lá para se despedir de um parente ou amigo.

Hoje, enquanto o Robson fazia algumas imagens do lado de fora, eu entrei, cumprimentei o Secretário de Saúde de Minas Gerais, Marcus Pestana, apresentei as condolências em nome da TV pela morte do pai dele e pedi à esposa, Ligia Dutra, que foi nossa colega de trabalho na TV Alterosa, que avissasse caso ele tivesse condições de gravar entrevista. Saí e fiquei esperando do lado de fora.
Quando ele conseguiu controlar um pouco a emoção, veio e gravou.
Não há razão para chegar, invadir o local e ir colocando o microfone.
Todo mundo gosta de ser bem tratado e não custa nada a gente se colocar um pouco no lugar dos outros.

Esperamos o fim da missa para registrar o enterro. Eu, o Robson, o José Marco dos Reis (TV Panorama), a Daniela Arbex e o Marcelo Ribeiro(Tribuna de Minas) e o João Schubert (Jornal Panorama) ficamos num canto, colocando o papo em dia.
Numa situação dessas, a gente fala de tudo.
Ajuda a passar o tempo e afasta as lembranças de pessoas queridas que já se foram e sempre voltam à memória quando estamos num velório ou enterro. Nada como um bom bate-papo com os colegas para afastar a tristeza.

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