Por Michele Pacheco
Sábado de plantão. Estávamos de sobreaviso, já que não havia pautas previstas para hoje.
Mas, nossa editora ligou avisando da morte do Agostinho Pestana e pedindo que cobríssemos o velório e o enterro do ex-prefeito de Juiz de Fora. Fomos para o Cemitério Parque da Saudade, onde encontramos familiares, amigos e muitos políticos.
Entre eles, os ex-prefeitos de Juiz de Fora, Tarcísio Delgado e Mello Reis, o ex-presidente da República Itamar Franco, e o vice-prefeito de Juiz de Fora, José Eduardo Araújo.
Agostinho Pestana da Silva Neto nasceu em 1928, se formou em engenharia na mesma turma do ex-presidente Itamar Franco e foi prefeito de Juiz de Fora em 1971-1972.
Na época, a legislação permitia apenas dois anos de mandato.
Itamar era prefeito e lançou a candidatura do amigo, com o slogan "as obras não podem parar".
Agostinho fez uma administração ousada, com muitas obras que foram deixadas de herança para o município.
Enterro é o tipo de reportagem que detestamos fazer. Quando você perde uma pessoa querida, quer sossego para chorar a dor e a saudade. Aí, vem o pessoal da imprensa, com câmeras, microfones, invadindo a capela do velório e causando alvoroço. Honestamente, se fosse um parente meu, eu ficaria irada com a falta de respeito de alguns colegas. Por isso, eu e o Robson temos uma postura nesse tipo de situação que é criticada por algumas pessoas.
Nós não entramos nas áreas de velório, exceto se não houver outra opção.
O Robson faz as imagens da porta ou da janela, de forma a não "agredir" a sensibilidade de quem está no local.
Ocorrem excessões, como no enterro dos presos que morreram queimados na cadeia pública de Ponte Nova.
A multidão era tanta, que não dava para fazer imagens de fora, foi preciso entrar.
Mesmo assim, o Robson entrou, registrou o que precisava e saiu, abrindo espaço para quem estava lá para se despedir de um parente ou amigo.
Hoje, enquanto o Robson fazia algumas imagens do lado de fora, eu entrei, cumprimentei o Secretário de Saúde de Minas Gerais, Marcus Pestana, apresentei as condolências em nome da TV pela morte do pai dele e pedi à esposa, Ligia Dutra, que foi nossa colega de trabalho na TV Alterosa, que avissasse caso ele tivesse condições de gravar entrevista. Saí e fiquei esperando do lado de fora.
Quando ele conseguiu controlar um pouco a emoção, veio e gravou.
Não há razão para chegar, invadir o local e ir colocando o microfone.
Todo mundo gosta de ser bem tratado e não custa nada a gente se colocar um pouco no lugar dos outros.
Esperamos o fim da missa para registrar o enterro. Eu, o Robson, o José Marco dos Reis (TV Panorama), a Daniela Arbex e o Marcelo Ribeiro(Tribuna de Minas) e o João Schubert (Jornal Panorama) ficamos num canto, colocando o papo em dia.
Numa situação dessas, a gente fala de tudo.
Ajuda a passar o tempo e afasta as lembranças de pessoas queridas que já se foram e sempre voltam à memória quando estamos num velório ou enterro. Nada como um bom bate-papo com os colegas para afastar a tristeza.
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