Na estrada, as mangueiras carregadas de frutos indicam que Ubá está próxima.

Ela começou com os imigrantes italianos, que trouxeram mudas da Europa para plantar nos quintais das casas.
Cada família tinha que preservar a planta.
Ainda hoje, é possível passear pelas ruas sentindo o cheiro das mangas.
Para preservar a fruta considerada

A fim de marcar a data, há três anos é realizada a Festa da Manga.
Na Praça São Januário, no centro da cidade, os organizadores colocam barracas com artesanato e produtos feitos com manga.
É uma tentação! Neste ano, foram distribuídas mudas

Moradores e visitantes puderam comprar doces feitos com a fruta.
Entre as diversas opções, estavam manga em calda, empada, rocambole, bem-casado, trufa e tortinha. O pessoal da barraca do Imlor, Instituto Maria de Loreto Camiloto Rocha, lembrava aos visitantes que a manga pode ser usada em todo tipo de receita. “Ela tem um gosto muito semelhante ao do damasco e é pouco aproveitada. A manga pode muito bem ser usada na culinária. Tentamos divulgar ao máximo as qualidades dessa fruta” explicou a Elazir, presidente do Imlor.
Foram distribuídas também papéis com receitas à base de manga.
Apesar da diversidade, a opção que

Ele foi inventado pela dona Risoleta, uma moradora de Ubá, na década de 30.
A família preservou a receita.
Hoje, a mangada é produzida por várias famílias.
Tudo de forma artesanal.
Não há registros do número exato de

Fomos a uma fazenda acompanhar o processo.
De cara, ficamos com água na boca.
As árvores estão carregadas.
Como se não bastasse aquele cheirinho delicioso de manga, havia montes da fruta pelos cantos.

O pessoal é rápido para separar aqueles que não estão nem verdes, nem passados.
Imaginei o trabalho que daria para descascar.
Mas, descobri que os anos de prática levaram à perfeição e a estratégias úteis.

A fruta é colocada em água fervente por alguns minutos.
Depois, vai para um tanque e recebe choque térmico, o que facilita a retirada da casca.
O trabalho é contínuo.
Enquanto uma porção está fervendo, a outra é descascada.

Descascadas, as frutas são colocadas nesta máquina curiosa.
Ela é usada para espremer as mangas.
O caldo grosso cai num tambor, enquanto os caroços são retirados por outra abertura.
Eles não são descartados.
Tudo se aproveita na fabricação dos

Os caroços vão para a horta, virar adubo orgânico.
O caldo tem destino bem diferente.
O Darlô Gomes fabrica mangadas há 25 anos.
Ele conta que aprendeu com os pais,

A produção está na terceira geração e deve ser passada adiante.
Ele conta que a fabricação de doces é uma ótima opção para o homem do campo.
“O trabalho é menor do que a criação de gado e a lavoura.
Além disso, o retorno é bom e ajuda no orçamento.
Hoje, eu tenho que comprar mangas, pois a quantidade que é produzida aqui na fazenda não é suficiente” explica o produtor rural.
Ele nos mostrou o restante do processo de produção.

Uma pá de madeira acoplada num motor fica girando sem parar, mexendo o doce e impedindo que ele queime.
Mesmo assim, o Darlô não tira os olhos do tacho e avalia, a todo momento, se o ponto já está bom.
Imagine, num dia quente de verão, o sofrimento de quem tem que ficar na beira da fornalha vigiando o doce!
Mas, tradição é tradição!
É uma questão de honra produzir os doces artesanalmente e com qualidade.
O Darlô aproveita a safra

O processo é interromper a fervura antes de dar o ponto.
O caldo ainda mais grosso é retirado do tacho e guardado em tambores.
Quando os pés já estiverem sem frutos, o produtor só precisa ir ao estoque e transformar a polpa em mangada.
Depois de três horas e no

Depois que endurece, a mangada é cortada e embalada.
Foi muito legal ver a agilidade do pessoal para embalar.
Eles têm um jeito de usar o plástico para não tocar na barra e embrulhar de forma higiênica. Depois, é só mandar para o mercado.
O Robson registrou todos os detalhes.

O fogo, o tacho antigo de cobre, o doce dourado se tornando caramelado, o pessoal trabalhando da mesma forma como era feito há quase 80 anos...
Tudo isso serve de inspiração para belas imagens.
Difícil foi ele agüentar ficar muito tempo perto do fogo.
A Rosângela de Freitas, extensionista de bem-estar social da

Ela registrou a visita e explicou a diferença da manga Ubá para os outros tipos.
“A manga Ubá é mais doce e dispensa o uso de açúcar na maioria das receitas. Quando é preciso adoçar, o produtor usa pouco açúcar, o que deixa o doce mais saudável” explicou.
Além disso, a manga Ubá é pequena, suculenta e saborosa.
O difícil de acreditar é que uma delícia como a mangada ainda não tenha sido descoberta por outras regiões do Brasil.
Nem no Rio de Janeiro, tão perto, os comerciantes têm o hábito de encomendar a mangada.
Conversei com a Rosângela e perguntei por que eles não tentavam vender o doce para

Eles podem servir a mangada como sobremesa ou no café da manhã.
Tenho certeza de que os turistas vão adorar.
Falta divulgação dessa delícia.
Mesmo em Ubá, a mangada é vendida sem estardalhaço.
Para experimentar, eu e o Robson tivemos que pedir socorro à

Ela nos levou a um açougue, onde o doce é vendido.
Puxa, cadê os empresários da cidade e os próprios produtores que não se unem para popularizar a guloseima?
É parte da história do município e merece ser divulgada.
Confesso que me tornei fã de mangada!
Ela fica deliciosa com um queijo branco,

Estou com algumas em casa e testando formas diferentes de consumo.
Meu tio Paulo César, que já morreu e não teve o prazer de provar esse doce, diria que ele é um “Manjar dos Deuses”! Ai, deu água na boca! Vou buscar mais um pedacinho!
Telefone de contato do Darlô - (32) 9917-5557
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